sábado, 28 de julho de 2012

Livro Mariana

Resenha: "Mariana" do Pedro Bandeira

Editora: Ática
ISBN: 8508057474
Ano: 2000
Páginas: 88
Sinopse: "Mariana sofre por ser ainda menina, enquanto suas amigas já são mocinhas e até namoram. Ajudada pelo amigo Jorginho, inventa histórias sobre um namorado que está no exterior, para ninguém perceber que ela é diferente."

Tecnicamente, esse livro foi uma releitura, porque já havia lido ele em alguma roda da leitura da vida nos meus tempos de quinta ou sexta série (Atualmente são sexto ano e sétimo ano, respctivamente), mas quando precisei ler um livro para o Desafio Literário, esse livro me veio a mente.
Mariana é uma menina que se sente na obrigação de provar a todos os seus amigos que não é mais criança e que sabe lidar sem medos ou incertezas com a fase da adolescência.
Sua melhor amiga arruma um namorado, e para não ficar para trás, Mariana inventa um para ela também, se gabando para todos que seu "Fernando" é um homem e tanto.
A coisa complica quando suas amigas insistem que ela o apresente a elas, já havia criado diversas desculpas antes para não fazer isso e agora não tem como fugir.
O único que realmente a conhece e com quem ela consegue ser verdadeira é seu melhor amigo Jorginho, que mais tarde acaba se revelando muito mais do que isso.
Mesmo quando era pequena eu achava a Mariana infintamente boba. Essa coisa de fazer qualquer coisa para se aceita pelos amigos e etc. Até porque se você precisa inventar um namorado imaginário para que alguém queira ser seu amigo, é um sinal de que aquela pessoal muito provavelmente não é sua amiga... O que era estranho considerando que todas as meninas da minha turma a adoraram, mas fazer o quê? Pelo jeito sempre fui uma menina madura demais para os meus 12 anos...
O que mais me espantou nesse livro é que ele foi escrito pelo Pedro Bandeira. Porque lendo toda a coleção dos "Karas" é de se espantar como o autor consegue abordar de dois cotidianos tão diferentes assim! Mas a versatilidade é uma das maiores qualidades de um escritor, não é?
Eu gosto da história, apesar da Mariana me irritar muito. Mentira, eu gosto do Jorginho porque ele é um fofo em todos os níveis de fofura que podem existir. A leitura é leve e como o livro tem poucas páginas, é possível devorá-lo em questão de horas.

Filme TinTin

 
 
Quando tinha idade para o ler, nunca foi o meu preferido.

Primeiro porque não estava à venda em qualquer quiosque, segundo sempre o achei demasiado elitista e por fim é francês!

As aventuras eram sempre muito complicadas e, quando lhe deitava a mão, não lhe rendia a admiração que (talvez) merecesse.

Agora, já um pouco mais aberta a novas experiências, gosto desta personagem! É engraçado e acima de tudo é diferente dos demais.

O filme... Aqui é que a coisa encalha! Gostei mas... As reticências sempre foram, e serão um mau presságio!

Tanta publicidade, uma equipa com nomes sonantes e ainda por cima em 3D, mas mesmo assim não me surpreendeu! O filme acabou e a primeira coisa que pensei foi: só isto?

Não posso afirmar que é um mau resultado. Mas chamar Snowy ao Milú e Thompson & Thompson aos irmãos Dupont não é coisa que se faça.

Aliás os irmãos Dupont & Dupont são das personagens mais engraçadas da banda desenhada original, e nesta adaptação épica/americanizada quase não entram na história.

Resumindo, na minha opinião que vale o que vale, este filme acaba por ser uma aventura do Indiana Jones adaptada à figura do Tintin e nada mais.

Quando era pequena não gostava dele por ser francês.

Agora não gostei dele, porque está demasiado americano.

Cada macaco no seu galho e cada personagem no seu ramo!
 
entre outras

Resenha: "As Aventuras de Tintin - O segredo do Licorne" (2012)

Diretor: Steven Spielberg
Produtor (O único que me interessa): Peter Jackson
Roterista (O único que me interessa também): Edgar Wright
Título Original: "The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn"
Gênero: Aventura, Animação, Mistério e Família
Duração: 107 minutos
Elenco: Jamie Bell (Billy Elliot), Andy Serkis (Trilogia do Senhor dos Anéis como Sméagol), Daniel Craig (007 - Cassino Royale), Nick Frost (Garota Mimada) e Simon Pegg (Missão Impossível - Protocolo Fantasma)
Sinopse: "Tintim é um jovem repórter que tem um histórico impressionante de aventuras. Certo dia, ao comprar a miniatura de uma embarcação, ele se vê perseguido pelo misterioso Sakharine, que parece determinado a possuir o objeto – e não demora muito até que o herói se veja preso no barco que antes pertencia ao alcóolatra Capitão Haddock, agora também prisioneiro. Sempre acompanhado pelo cãozinho Milu, Tintim se alia ao capitão numa jornada que os levará a diversos locais exóticos."

Talvez fosse a semelhança entre as enrascadas em que Tintin se mete com as aventuras do aqueólogo se envolvia com as aventuras de Indiana Jones. E, por isso, no momento que eu fiquei sabendo que Steven levaria Tintin para telas do cinema, sabia que o filme seria incrível. E não estava errada.
Tintin é um dos desenhos que marcou minha infância, apesar de na época em que eu começava a ver desenho era a época em que Tintin saia gradualmente do ar, mas os tempos de TV Cultura Shall not be forgotten... Por isso já estava quicando para ver esse filme, até que anunciaram que o Peter Jackson iria participar também... Aí, a mina pira gente!
Antes de fazer qualquer comentário quero situar vocês na história: Tintim é um repórter (Algo que só sabemos porque alguém fala, já que ele não pisa no jornal em momento algum. Além do fato dele parece um adolescente, mas todos o tratam como se fosse um adulto. Enfim...) que, um dia, ao passar em uma feira de antiguidades, compra uma miniatura de um navio, o Licorne. Logo depois disso, surgem pessoas dispostas a comprar o modelo à qualquer preço. Intrigado pelo grande interesse dos estranhos na sua aquisição, Tintin resolve fazer uma pequena investigação com seu inseparável cão Milu (Eu adoro o Milu, tanto pelo fato de ele ser muuuito fofinho quanto por ele ser mais esperto do que a maioria dos outros personagens.). Logo essa imprudente curiosidade faz com ele se torne inimigo do perigoso Sakharin. Depois de diversas situações que vocês terão de ver para descobrir quais são, Tintin acaba se juntando ao nosso velho conhecido, Capitão Haddock. Juntos, os três tem de atravesar as fronteiras da Europa à África para montar um quebra cabeças que pode levar à uma fortuna perdida.
Uma coisa que eu notei nesse filme é que as personagens usam muito armas de fogo. Não sei se isso era algo que os produtores adicionaram para deixar o filme mais verossímil (Influência clara e direta do Spielberg), ou era eu que quando era pequena não notava que os personagens usam bazucas como se fossem carteiras. (LOL. Para quem já viu o filme, perdoem meu trocadilho deplorável....)
O filme foi rodado com a captura de performance. Confesso que não sou muito fã dessa tecnologia em desenhos animados, pois tem uma função de deixar um desenho tão real como se fosse um filme, mas, então, por que ter todo esse trabalho e custo extra ao invés de se fazer um filme normal? (Ps: Apesar do que eu acabei de dizer, fico muito feliz por não ter de ver uma imitação deplorável nas telas como as da imagem aqui à baixo.)
Mas, sem deixar meu olhar tradicionalista me cegar, o efeito fica bem interessante. Tintim parece humano como um filme deve ser, mas ao mesmo tempo ele também parece com o personagem desenhado em suas histórias. Envoltos por sombras vivas, linhas de expressão definifas e texturas realistas de pele e cabelos, tornam a experência visual em algo que nunca havia sido visto antes. Isso só é possível graças ao excelente trabalho da WETA digital de Peter Jackso (LINDO!) combinada com a criatividade sem igual de Spielberg para filmar cenas de ação de tirar o fôlego combinada as sequências espetaculares, principalmente, as lindas transiçõesnas quais o oceano pode virar uma possa d'água ou um aperto de mão se transforma nas dunas do Sahara.

Manecón é o Vinho do Fogo

Bebida: Vinho do Fogo
 
Dja’r Fogo é a forma como é habitualmente referida a Ilha que alberga o vulcão que a rebaptizou de Fogo. Anteriormente denominada por São Filipe a ilha possui o ponto mais elevado do arquipélago, o pico vulcão atinge 2829 metros de altitude.
A ilha é mesmo fogo, com um sol a pique é uma das ilhas mais quentes do arquipélago, mas também uma das mais bonitas. Conserva a arquitectura cuidada desde os tempos coloniais presentes nos sobrados que ainda são cuidadosamente conservados, pinturas nalguns espaços públicos e em casas privadas.

A cidade São Filipe é limpa e organizada, construída nas encostas que vão descendo até a extensa praia de areia preta.
Dja'r Fogo

Desde os tempos idos a ilha é uma rica produtora agrícola focando-se, na produção de uva, nas encostas do vulcão, que dá origem ao excelente vinho do fogo designado de Manecón. Vinho que conserva a pureza e a força do vulcão. Natural, sem qualquer adição de químicos, o vinho de sabor doce e quente pode ser provado mesmo no sopé do vulcão.
Existe uma cooperativa de agricultores que produzem o vinho de Chã das caldeiras com uma oferta  arrojada do vinho do fogo nas versões branco, rosé e o licor moscatel Passito.

Produzem também licor de romã, com um intenso sabor a fruta, bagaceira de uva com elevado teor alcoólico e um excelente digestivo de aguardente de uva com ervas.

Vinho do Chã

Os da Chã.

Foi a primeira vez que vi um vulcão! Soa um bocado mal, mas é sincero.

A paisagem é inacreditável. Agreste, dura, escura mas fora de tudo aquilo que já vi.

Senti-me pequenina e um pouco insegura, principalmente quando me disseram que a ultima erupção foi em 1995.
 
Há 16 anos atrás, um dos vulcões secundários entrou em erupção, para libertar a pressão acumulada no principal. O rasto da destruição ainda está visível e estará para lavar e durar, passo a expressão.

Por entre o cinzento do terreno, despertam algumas plantas e principalmente flores. É o milagre da natureza que se revela.

São quilómetros de paisagem inóspita, em que só os postes de iluminação que acompanham a estrada, nos lembra que ali vive alguém. Vivem como nas outras ilhas, sem mais nem menos. Cultivam o pouco solo que resta e fazem vinho.

O Vinho da Chã é famoso internacionalmente. É diferente, estranho mas muito agradável.

Para mim, mera europeia, é confuso perceber como vivem, como sobrevivem e como se cresce numa zona de lava arrefecida.

São africanos, mas quase todos ostentam cabelo e olhos claros.

Genética dos antepassados franceses, holandeses e mais uns quantos do norte da Europa, que por lá criaram raízes e deixaram descendência. São atípicos, exóticos mas não deixam de ser africanos na sua génese.

Vivem com pouco e alegram-se por poder partilhar. São humildes, educados, prestáveis apesar de passarem os seus dias em cima de um vulcão adormecido!

Conto Romantico

Um conto de Amor




Ele adora escrever. Sobre qualquer assunto. Cinema, futebol, artes, política, economia, educação... Se pedirem para ele escrever sobre o levantar voo de uma mariposa no Sul da África, ele vai fazer um texto no mínimo atraente. Mas ela o deixa sem palavras. Nunca nada, nem ninguém, o deixou desta maneira. Ela lhe dava amor, mas lhe tirava as palavras. As pessoas costumam ficar sem ar com a paixão. Ele ficava sem as palavras. Fazer o quê? Claro que ele preferia o amor dela do que todas as palavras do universo, mas como escrever para ela, ou sobre ela, se ele estava sem palavras?

Ela sempre o inspirou. Desde antes do reencontro. Reencontro porque essa conexão que eles têm não é dessa vida apenas... Ele queria ter escrito sobre o inusitado primeiro beijo em um táxi há quase cinco meses. Qual o casal que já teve seu primeiro beijo em um táxi, em frente ao famoso Farol da Barra, em Salvador? Eles têm algo especial. E, aos poucos, ele foi tentando reencontrar as palavras. Talvez inspirado pelas poesias dela (ele sempre quis namorar uma poetisa)...

O reencontro foi mágico. Ele olhou para ela e a reconheceu de alguma forma. Ela também. E retribuiu o olhar com um sorriso. Com poucas palavras, o convidou para conversar. Abriu suas asas e o acolheu. Ele se sentiu confortável. Quis conversar mais vezes. O tempo percebeu que eles ainda não estavam maduros o suficiente para reviver um amor verdadeiro. Algumas vezes eles se visitavam em sonho, pois nada nele era indiferente a ela e vice-versa.

Mais de um ano após os olhares, sorrisos e conversas, ele entrou no táxi. Queria ver seus olhos de perto, mas os óculos escuros dela disfarçavam uma certa timidez. Foram direto para o hotel. Seus olhos queriam encontrar os dele. Seu corpo queria sentir o dele mais perto. Mas o destino dizia para esperar um pouquinho mais. Só um pouquinho. E agia em forma de timidez. Quando os corpos e olhos enfim receberam o sinal verde, se juntaram de uma forma sublime e inesquecível. Como uma poesia. O amor foi concretizado. De uma forma a se querer sempre mais. Sempre mais.
 
Sempre mais.
[Continua...]
 
Ela: Me manda um beijo.
Ele: Não. Um é pouco.
Ela: E quantos eu mereço?
Ele: Não sei contar até onde você merece.
Ela: Então me beija sem contar.
Ele: Melhor perder a conta.

Filme: Valente

Cena da animação "Valente"

"Valente" traz à tona o eterno embate entre mães e filhas

Na trama que se passa numa região remota da Escócia, onde os mitos e as batalhas épicas eram preponderantes, vive a corajosa Merida. Desde pequena, a garotinha filha de Fergus, e da rainha Eleonor, prefere brincar de arco e flecha, em vez de bonecas. Por isso não demonstra aptidão para o seu fatídico destino: virar uma elegante, e refinada, princesa. Quando vira uma adolescente, a ruivinha de cabelos encaracolados – talvez o principal marco da animação gráfica da obra – gosta de comer maçã a dentadas, correr e se divertir naturalmente como um moleque travesso, o que contraria sua mãe, cujo ímpeto é coroá-la, e fazer com que ela se case com um escolhido. Num excesso de fúria, Merida visita uma bruxa e faz um desejo, que faz desencadear um acontecimento improvável em sua família. É hora de reverter a situação.

Cartaz da animação "Valente"
Valente vale como uma referência contemporânea ao conflito entre mães e filhas adolescentes, muitas vezes interpretadas como rebeldes, e inconsequentes, por causa da personalidade forte, e da indiferença à autoridade de qualquer ordem. Merida é moderna. Ao contrário das tradicionais mocinhas de contos românticos, ela não deseja casar, nem se sujeitar à tradição da cultura local. O correto roteiro, porém, não transforma a garota em uma irritada chatinha e injusta. Embora temperamental, ela esbanja carinho pelo pai, pelos três irmãos mais novos – figuras engraçadinhas – e até mesmo pela mãe, apesar dos embates. Afinal, essa dualidade de sentimentos é comum nos adolescentes, concordam?

No quesito técnico, a competência da Pixar é notável


Aliás, em toda crítica de filmes da produtora, esse apontamento é repetido, e há evidentes razões para isso. O aspecto ultra realista do movimento ao vento dos volumosos cabelos de Merida, e das madeixas mais discretas de outros personagens, impressionam. Da mesma forma, as expressões faciais são delineadas com extremo rigor, e a base rítmica do desenrolar da trama é correta. Pecando pelos personagens secundários com pouco destaque, o longa apresenta algumas lições de moral à moda Disney, esbarrando no pieguismo ao pontificar o imensurável zelo da mãe pela sua cria e vice versa, em alguns momentos da narrativa. Com sua longa trajetória de abordagens similares, porém, ouso dizer que há certa licença poética nessa forma de conduzir histórias por parte da produtora.

Por: Bruno Mendes

Pausas


É, eu sei, às vezes me perco e digo o que não quero.
E quando quero, às vezes, não sei como dizer...
É essa insuficiência de palavras que me cerca e que me frustra
Chego perto do todo, mas falta... Pausa...
Porém, se não desisto, me chegam novas frases,
Que não se aquietam no meu pensamento.
Então de novo tento, outra vez escrevo,
Que é pra ver se te convenço do que já tens certeza.
Foi imediato, eu soube ao te olhar
E os ajustes foram necessários, pra que a vida fosse mais doce
Eu fosse mais sua, e você, mais meu...
Eu sei, foi preciso um tempo, e aconteceu...
E eu esperaria tudo de novo, por causa do agora.
Para ler tudo que não sei decifrar nos teus olhos
E acordar para ouvir teus desabafos às cinco da manhã,
Só pra depois te beijar até ficar tudo bem.
E se a cada dia me apaixono mais,
Não é apenas porque me traz flores e me acalma
É também porque esse teu modo único de ser me encanta
Talvez sejam teus assuntos do mundo, tua filosofia
Ou tua mania de nunca ver e sempre enxergar...
Eu sempre soube: você é incomum.
E só você pra chegar e me fazer reviver
Mostrar possibilidades únicas numa vida inteira.
Você é único, como a vida que tenho agora
Como esse amor que emana do meu peito na tua direção...
E essa gratidão que tenho à vida é por não saber como mereci
Ouvir cada som que sai da tua boca revelando ser eu o teu querer,
Como mereci te encontrar nessa passagem breve dos dias...
É inefável estar na tua vida e ter você na minha...
Eu não teria, realmente, aprendido a amar e a sorrir
Se, em mim, você não existisse.
Obrigada, meu amor, por ser exatamente quem és.
Obrigada pelo amor que me dedica.
Obrigada. Amo-te.
Daisy Soares, para Mattheus Rocha

Mensagem a vida é agora

A vida é agora...


 

A gente se acostuma a medir a vida em dias, meses, anos… Mas, será que é mesmo o tempo que mede a nossa vida? Ou a gente devia contar a vida pelo número de sorrisos? De abraços? De conquistas? Amores? De sucessos e fracassos?

Por que ao invés de dizer tenho tantos anos, a gente não diz: tenho três amigos, oito paixões, quatro tristezas, três grandes amores e dezenas de prazeres?

A gente vai vivendo e, às vezes, esquece que a vida não é o tempo que a gente passa nela, mas o que a gente faz e sente enquanto o tempo vai passando.
Dizem que a vida é curta, mas isso não é verdade. A vida é longa pra quem consegue viver pequenas felicidades. E, essa tal felicidade vive aí disfarçada, como um criança traquina brincando de esconde-esconde.
Infelizmente, às vezes não percebemos isso. E passamos a nossa existência colecionando nãos. A viagem que não fizemos; O presente que não demos; A festa a qual não fomos; O ensinamento que não aprendemos; A oportunidade que não aproveitamos.
A vida é mais emocionante quando se é ator e não espectador. Quando se é piloto e não passageiro; pássaro e não paisagem.
Como ela é feita de instantes não pode e não deve ser medida em dias ou meses, mas em minutos.

Essa é do Pedro Bial

As escolhas de uma vida




A certa altura do filme Crimes e Pecados,
o personagem interpretado por Woody Allen diz:
'Nós somos a soma das nossas decisões'.

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta
e de lá nunca mais saiu.

Compartilho do ceticismo de Allen:
a gente é o que a gente escolhe ser,
o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que,
ao fazer uma opção,
estamos descartando outra,
e de opção em opção vamos tecendo essa teia que
se convencionou chamar 'minha vida'.

Não é tarefa fácil.
No momento em que se escolhe ser médico,
se está abrindo mão de ser piloto de avião.
Ao optar pela vida de atriz,
será quase impossível conciliar com a arquitetura.

No amor, a mesma coisa:
namora-se um, outro, e mais outro,
num excitante vaivém de romances.
Até que chega um momento em que é
preciso decidir entre passar o resto da vida
sem compromisso formal com alguém,
apenas vivenciando amores
e deixando-os ir embora quando se findam,
ou casar, e através do
casamento fundar uma microempresa,
com direito a casa própria, orçamento
doméstico e responsabilidades.
As duas opções têm seus prós e contras:
viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista?

Todas as alternativas são válidas,
mas há um preço a pagar por elas.
Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado.

Por isso é tão importante o auto conhecimento.
Por isso é necessário ler muito,
ouvir os outros,
estagiar em várias tribos,
prestar atenção ao que
acontece em volta e não
cultivar preconceitos.

Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas,
elas têm que refletir o que a gente é.
Lógico que se deve reavaliar decisões e
trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.
Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar,
e não para anular a vivência do
caminho anteriormente percorrido.

A estrada É longa e o tempo é curto.
Não deixe de fazer nada que queira,
mas tenha responsabilidade e maturidade
para arcar com as
conseqüências destas ações.

Lembrem-se:
suas escolhas têm 50% de chance de darem certo,
Mas também 50% de chance de darem errado.

A escolha é sua...


Pedro Bial

niver seu ou meu não sei?

Parabéns pra mim!!!!!!!!






Hoje não é um dia qualquer,
Não é um dia comum.
Hoje é um dia especial, o meu dia...
Talvez eu não seja muito normal,
Já que estou aqui desejando-me, Feliz Aniversário.
Diferente da maioria das pessoas,
Não fico triste por estar ficando mais velha.
Tentei viver intesamente cada um desses anos
Sorri, chorei, amei e fui amada,
Cantei, pulei, dancei,
Sonhei, viajei, perdoei,
Me decepcionei e talvez tenha decepcionado também
Tive bons e maus momentos...
Dos bons, trago a saudade,
Dos maus o aprendizado.

Agradeço à Deus por conceder-me cada um desses dias,
O amor da minha família,
O carinho e total compreensão daqueles que me cercam.
Dos amigos, a sincera amizade.
Agradeço também pelos momentos tristonhos que tive,
Pois me tornaram maior e mais forte.
E depois de cada lágrimas nos olhos
Pôs-me sorrisos nos lábios.

Peço à Deus que eu nunca perca a esperança
Que minha fé jamais seja abalada.
Que meus sonhos não esmoreçam, nem o meu sorriso se apague.
Que minha alma de menina continue existindo em meio a face de mulher.

Mais um ciclo se encerra em minha vida,
Para dar inicio a outro.
E que eu possa no ano vindouro,
parabenizar-me novamente.
Afinal, Deus concedeu-me mais um
ano de vida e de alegria.

PARABÉNS PRA MIM!!!!!

Mônica Bacelar

TABLETES EM SALA

TABLETS EM SALA DE AULA & ERROS ANTIGOS

Sem formação de professores, distribuição de tablets pelo MEC tende a tropeçar em erros antigos. E o objeto de desejo do momento e nem as escolas estão livres de modismos. Na onda dos lançamentos de inúmeros modelos de tablet, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou em junho que investirá 150 milhões de reais na compra de 600 mil aparelhos para uso de professores de Ensino Médio da rede pública de todo o País. Espécie de computador em formato de prancheta com tela sensível ao toque, o tablet tornou-se sensação entre usuários de tecnologia pela portabilidade e a possibilidade de acessar a internet ou ler livros digitais, por exemplo, com mais facilidade.



Receberão os materiais primeiramente as escolas urbanas, com banda larga, rede sem fio e laboratório do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo). A distribuição se dará no segundo semestre dentro do Educação Digital – Política para computadores interativos e tablets, que prevê a inclusão de tecnologias de informação e comunicação (TICs) no processo de ensino. Os tablets virão num pacote de computadores interativos com lousa, acesso à internet, DVD, microfone, computador e projetor. Os aparelhos terão telas com entre 7 e 10 polegadas, câmera, saída de vídeo e conteúdos pré-instalados.



A estratégia foi anunciada pelo ministro como forma de resolver o problema da evasão escolar no Ensino Médio. "A escola precisa se reinventar para atrair e dialogar com essa juventude”, afirmou na ocasião, ao dizer que o modelo de escola atual é do século XVIII e que é preciso renová-lo. Curiosamente, a imagem coincide com a descrita por Jens Bammel, secretário da International Publishers Association, ao falar sobre a febre mundial dos tablets na educação no 3º Congresso Internacional do Livro Digital, em São Paulo. "Em todo o mundo, surgem políticos dizendo que é preciso trazer a sala de aula para o século XXI enquanto tiram fotos com iPads ao lado de crianças sorridentes”, afirmou, ao descrever o que chama de "tecnofilia dos políticos”. "Na hora, discursam sobre como se isso somente fosse capaz de dar um salto nos indicadores de qualidade, porém, o que se forma é um ciclo de entusiasmo em que os governos repetem os mesmos erros: criam grande expectativa, as coisas se acalmam, as pesquisas mostram pouco ou nenhum resultado e o projeto é enterrado quietamente. Até que um outro político descobre um novo aparato tecnológico com que desfilar diante das câmeras.”



Favorável à chegada das TICs à sala de aula, Sergio Ferreira do Amaral, professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Laboratório de Novas Tecnologias Aplicadas na Educação da instituição, vê com cautela o programa do ministério. "Não é preciso ser especialista para saber que é um fetiche comprar um aparelho sem planejamento pedagógico sério. O material não trará ganhos se só tiver animações. Boa parte do uso dos tablets é para leitura de arquivos de texto em formato PDF, quando ele tem um potencial para muito mais que isso.”



O MEC afirma que o desenvolvimento do método pedagógico vai acontecer na prática, e eis que surge uma das primeiras críticas feitas ao programa: "A iniciativa de disponibilizar tecnologia é importante, necessária, mas não suficiente para melhorar a educação brasileira. O grande problema é a formação de professores, ela deve ser intensa e acompanhar qualquer inserção de TICs nas escolas”, afirma Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).



Sem formação específica para o trabalho, a tendência é que todas as potencialidades exaltadas pelo ministro não se concretizem em melhoras no aprendizado ou em benefícios efetivos para os alunos. "São importantes as políticas direcionadas a investimento em tecnologia nas escolas, é uma questão de inclusão social. O problema é como isso é colocado. Hoje, a maioria das escolas tem laboratórios de informática subutilizados. Não há projetos pedagógicos, os computadores são usados para fazer pesquisas, baixar coisas da internet, o que é muito pouco para o que a infraestrutura permite. Há o risco de o mesmo acontecer com o tablet”,questiona o professor Sergio Ferreira. E completa: "Não é só levar o equipamento até a criança. É preciso saber quem está dando suporte pedagógico. O tablet representa um campo novo, não pode ser só a versão eletrônica do papel”.



De acordo com o MEC, a Secretaria de Educação Básica já iniciou a tratativa junto às universidades federais que darão o apoio à elaboração de conteúdos. Estão sendo elaborados conteúdos modulares para serem colocados na plataforma de educação a distância do MEC para início imediato.



Num País em que é comum o relato de laboratórios de informática e mesmo bibliotecas que acabam trancados por medo de que os estudantes estraguem o que eles guardam, cabe refletir sobre como o educador vê a tecnologia. Segundo uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet, a principal limitação para seu maior uso na escola está relacionada ao nível de conhecimento dos professores acerca dessas tecnologias. Para 75%, a principal fonte de apoio para o desenvolvimento dessas habilidades são os contatos informais com colegas.



O MEC quer mudar essa realidade preparando os educadores através do ProInfo – cerca de 300 mil já participaram do treinamento. Porém, Sérgio questiona o formato desses cursos. "É previsto um treinamento de 360 horas. Não há necessidade, é tempo demais e desestimula o professor. É preciso focar a metrologia”, afirma. Um problema que volta também com os recém-formados que estão deixando as universidades pouco familiarizadas com as possibilidades pedagógicas oferecidas pelas TICs.



Almas Perfumadas

Almas perfumadas





Tem gente que tem cheiro
de passarinho quando canta,
de sol quando acorda,
de flor quando ri.
Ao lado delas,
a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande,
sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas,
a gente se sente comendo pipoca na praça,
lambuzando o queixo de sorvete,
melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro
de colo de Deus,
de banho de mar
quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas,
a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas,
a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo,
sonhando a maior tolice do mundo
com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas,
pode ser abril,
mas parece manhã de Natal,
do tempo em que a gente acordava
e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro
das estrelas que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas,
a gente não acha que o amor é possível,
a gente tem certeza.
Ao lado delas,
a gente se sente visitando um lugar feito de alegria,
recebendo um buquê de carinhos,
abraçando um filhote de urso panda,
tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas,
saboreamos a delícia do toque suave
que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro
de cafuné sem pressa,
do brinquedo que a gente não largava,
do acalanto que o silêncio canta,
de passeio no jardim.
Ao lado delas,
a gente percebe que a sensualidade
é um perfume que vem de dentro
e que a atração que realmente nos move
não passa só pelo corpo.
Corre em outras veias.
Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas,
a gente lembra que no instante em que rimos
Deus está conosco, juntinho, ao nosso lado.
E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Tem gente como você,
que nem percebe como tem a alma perfumada
e que esse perfume é dom de Deus.
Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 27 de julho de 2012

ARTIGO: AVALIAÇÃO

Os caminhos para avaliar: qual seguir?*

Carina M. N. Granzotto**

Resumo: Busca por intermédio de uma revisão bibliográfica apontar quais os critérios de avaliação mais adequados para que se avalie de forma eficaz os alunos, os tipos de avaliação considerados pertinentes pelos autores, bem como busca evidenciar a importância de se ter objetivos educacionais bem definidos como forma de instrumentalizar o momento da avaliação. Para isso foram pesquisados alguns dos mais conhecidos estudiosos da área, que são também, os mais utilizados pelas escolas como forma de embasamento teórico no momento do planejamento, são eles: Ana Maria Saul, Jussara Hoffmann, Philippe Perrenoud, Celso Vasconcelos, Bloom, Hastings e Madaus assim como foram consultados os PCN.
Palavras-chave : avaliação . critérios . objetivos educacionais.

  • Introdução
A educação escolar, atualmente, está passando por um processo de discussão, mudança e busca de uma nova significação. Dentre os temas abordados pelos profissionais da área de educação dá-se destaque à questão da avaliação, a qual interfere diretamente no processo educativo.
A polêmica, que gira em torno desse assunto, ocorre devido a amplitude e complexidade que o tema possui, como por exemplo: o porquê avaliar, o quê avaliar, quem avaliar e as conseqüências dessa avaliação pelo lado social.
Para melhor compreender o tema, faz-se necessário um estudo mais aprofundado de concepções defendidas por diferentes autores: Jussara Hoffmann, Philippe Perrenoud, Celso Vasconcellos, Ana Maria Saul, Bloom, Hastings e Madaus.
A partir disso surge a questão: Quais os principais critérios utilizados para avaliar os alunos, quais os objetivos educacionais propostos e, finalmente, qual o papel da avaliação no processo de aprendizagem ?
No sentido de esclarecer essas questões o trabalho está organizado nos seguintes tópicos: Avaliação Democrática e Emancipadora por Ana Maria Saul; Avaliação Mediadora por Jussara Hoffmann; Avaliação Formativa por Philippe Perrenoud; Avaliação Democrática por Celso Vasconcelos; Objetivos Educacionais por Bloom, Hastings e Madaus, PCN: o que dizem e Considerações Finais.
  • 1- Avaliação Democrática e Emancipadora
Saul (1995), propõe um paradigma alternativo: o da avaliação emancipatória, que se realiza a partir de três eixos. Primeiro, Avaliação Democrática, segundo, Crítica Institucional e Construção Coletiva e por terceiro a Pesquisa Participante.
A Avaliação Democrática sugere uma classificação política dos estudos avaliativos, cujos conceitos chaves são: Sigilo, Negociação e Acessibilidade, ou seja, direito do usuário à informação e à utilização dos resultados da avaliação para melhorar ou redirecionar as próprias atividades.
Sobre a Avaliação Democrática a autora afirma: " O critério de sucesso é o alcance do estudo avaliativo, medido em termos das audiências beneficiadas por ele".
A Crítica Institucional e a Criação Coletiva concretizam-se por meio de três momentos: expressão e descrição da realidade, isto é, elaboração de um diagnóstico institucional e descrição dos dados obtidos; crítica do material expresso pela análise do projeto pedagógico da instituição; criação coletiva, ou seja, delineamento das novas ações da equipe de trabalho. Saul (1995) conclui:
  • O produto final de um Processo de Crítica Institucional e Criação Coletiva não é a elaboração de um relatório, embora, muitas vezes este seja necessário e útil. O que se constitui de relevo fundamental nesse processo é a possibilidade de as pessoas envolvidas, tornando-as mais conscientizadas de suas possibilidades, de seus limites e de suas autênticas e desejadas finalidades, encontrarem soluções criadoras para os seus problemas identificados.
  • O terceiro eixo, Pesquisa Participante, trata de uma abordagem que envolve a pesquisa participante, a qual implica o compromisso de pesquisador com a causa em questão, contribuindo para uma ruptura metodológica profunda.
    Para a autora, a Avaliação Emancipadora caracteriza-se como um processo de descrição, análise e crítica de uma dada realidade, visando transformá-la. Destina-se à avaliação de programas educacionais ou sociais. Diz ainda a autora:
  • O compromisso principal desta avaliação é o de fazer com que as pessoas direta ou indiretamente envolvidas em uma ação educacional escrevam a sua própria história e gerem as suas próprias alternativas de ação.
    • 2- Avaliação Mediadora
    Já em Hoffmann (1996), encontra-se um estudo do que é avaliação para professores e alunos de forma bastante esclarecedora , principalmente no que tange aos critérios para se avaliar e o por quê avaliar buscando, assim, desvendar o mito da avaliação.
    Segundo a autora, as práticas avaliativas dos professores "expressam princípios e metodologias de uma avaliação estática e frenadora, de caráter classificatório e fundamentalmente sentencivo", sendo o fenômeno avaliação, ainda hoje, algo indefinido. Hoffmann destaca, também, que há consenso de significado entre alunos e professores quanto a avaliar, considerando que "dar nota é avaliar, fazer prova é avaliar, e o registro de notas denomina-se avaliação." Outros, ainda, são os significados atribuídos ao termo; "análise de desempenho, julgamento de resultados, medida de capacidade, apreciação do ‘todo’ do aluno."
    De acordo com a autora, a avaliação ainda é essencial à educação desde que tenha a perspectiva de ser problematizadora e que vise o questionamento e a reflexão sobre a ação. Diz, também, que " o significado básico da avaliação é a investigação e dinamização do processo de conhecimento."
    Hoffmann nos lembra que o Brasil sofreu forte influência norte-americana no que tange a teoria da avaliação educacional, quando a partir dos anos 60 passou a ter como referencial teórico básico nos cursos de formação de professores o modelo Ralph Tyler, conhecido como ‘avaliação por objetivos’. (grifo meu)
    A professora questiona, entre outras coisas, o que significa testar e medir na avaliação, aparecendo, então, através de suas pesquisas discussões variadas, e constantes embates entre os professores acompanhados por ela, cada um procurando defender seus argumentos completamente contraditórios.
    São, segundo ela, várias as questões que surgem a partir disso, tais como:
    - Todo o TESTE envolve obrigatoriamente medida?
    - Sempre medimos através de TESTES?
    - A MEDIDA serve para descrever atitudes dos alunos?
    - Toda tarefa do aluno pode ser considerada um TESTE?
    A obra de Hoffmann (1996a) é considerada uma continuidade da obra comentada anteriormente, no que se refere à discussão, à reflexão e ao relato do cotidiano dos professores em termos de avaliação.
    Para a autora, dentre os diversos fatores que são considerados dificultadores da mudança da prática tradicional de avaliação, sobressai a crença dos educadores de todos os graus de ensino na continuidade da avaliação classificatória como garantia de um ensino de qualidade, que assegure um saber competente dos alunos.
    Contudo, cabe lembrar que pensando numa escola que classifica segundo critérios rígidos de aprovação ao final de cada série, estabelecidos sem ter como base uma análise séria sobre o seu significado e com uma variabilidade enorme de parâmetros por parte dos educadores, não pode ser vista como garantia de qualidade de ensino.
    Ainda, vale citar que a avaliação feita apenas em momentos específicos (provas, trabalhos isolados...) é tremendamente vaga no sentido de apontar as falhas do processo, pois não mostra as reais dificuldades e facilidades dos alunos e dos professores, não sugere qualquer encaminhamento, porque "discrimina e seleciona antes de mais nada."
    Segundo Hoffmann, a melhoria de qualidade de ensino esta embasada principalmente em: ter uma escola que seja para todos; que compreenda as crianças; que tenha o compromisso de torná-las conscientes e que dê a elas o direito de provar o quanto podem aprender e o quanto a sociedade poderá contar com elas.
    Hoffmann, explicita, ainda, que o termo qualidade de ensino pode ser interpretado diferentemente:
  • na concepção da avaliação classificatória, ela refere-se a padrões pré-estabelecidos, em bases comparativas, critérios de promoção (elitistas, discriminatórios), gabaritos de respostas às tarefas, padrões de comportamento ideal. Na concepção de avaliação mediadora, significa desenvolvimento máximo possível, um permanente "vir a ser", sem limites pré-estabelecidos, embora com objetivos claramente delineados, desencadeadores da ação educativa. Não se trata aqui, como muitos compreendem , de não delinearmos pontos de partida, mas, sim de não delimitarmos ou padronizarmos pontos de chegada.
  • A autora lembra, também, que uma das dificuldades existentes no processo da avaliação está na elaboração de instrumentos, ou seja, na preocupação que os professores têm em elaborar questões objetivas, no intuito de não serem injustos com os alunos. Percebe-se, então que "em nome da justiça da precisão" eles optam por "não ter que utilizar de sua subjetividade" para corrigir as questões.
    Ao contrário do que foi descrito acima, a avaliação mediadora, sem ver o instrumento de avaliação como algo terminado, faz com que as dúvidas que possam surgir, a partir dele, tanto dos alunos como dos professores possam voltar para a sala de aula para serem discutidas e, portanto, serve como meio para reelaborar o que foi compreendido como "erros" e possibilitar a construção de novos conhecimentos.
    Após experiências realizadas em escolas com professores, segundo a autora, foram delineadas algumas linhas mestras que norteiam a prática avaliativa considerada mediadora:
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    • Oportunizar aos alunos muitos momentos para expressar suas idéias e retomar dificuldades referentes aos conteúdos introduzidos e desenvolvidos;
    • Realizar muitas tarefas em grupo para que os próprios alunos se auxiliem nas dificuldades, mas garantindo o acompanhamento de cada aluno a partir de tarefas avaliativas individuais em todas as etapas do processo;
    • Ao invés de simplesmente assinalar certo e errado nas tarefas dos alunos e atribuir conceitos ou notas a cada tarefa realizada, fazer anotações significativas para o professor e aluno, apontando-lhes soluções equivocadas, possibilidades de aprimoramento;
    • Propor , a cada etapa, tarefas relacionadas às anteriores, numa gradação de desafios coerentes às descobertas feitas pelos alunos, às dificuldades apresentadas por eles, ao desenvolvimento do conteúdo;
    • Converter a tradicional rotina de atribuir conceitos classificatórios às tarefas, calculando médias de desempenho final, em tomada de decisão do professor com base nos registros feitos sobre a evolução dos alunos nas diferentes etapas do processo, tornando o aluno comprometido com tal processo.
    Deve-se ressaltar que para a autora "a ação avaliativa mediadora se desenvolve em benefício ao educando e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre quem educa e quem é educado."
    Lendo os autores citados anteriormente, pode-se perceber o quanto o tema avaliação é controverso e repleto de opiniões diferentes quanto a como avaliar, que critérios são os mais adequados e eficazes , mas, no entanto, ambos apontam para o que já reconhecemos, ou seja, a uma ineficácia inegável nos métodos hoje empregados.
    São, com certeza, opiniões relevantes, mas que podem e devem ser acrescidas de conceitos mais atuais, como por exemplo com o trabalho de Philippe Perrenoud, que trata modernamente das competências a serem desenvolvidas como principio a ser considerado no momento de definir os critérios de avaliação e que são largamente citadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
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    • 3- Avaliação Formativa
    O estudo de Perrenoud (1999) inicia apontando o ponto nevrálgico do sistema educacional como um todo, não apenas o da avaliação, que é o de que deve haver uma conscientização geral de que para que haja mudanças no processo avaliativo é imprescindível que se iniciem mudanças significativas em todo o sistema educativo, pois a avaliação regula diferentes relações tais como com o trabalho, a autoridade e a cooperação em aula.
    A partir daí Perrenoud aponta duas lógicas avaliativas: a tradicional e a formativa, sendo a segunda , de acordo com o autor, a mais eficaz. Na lógica tradicional, de acordo com ele, as notas recebidas pelos alunos não dizem de início o que o aluno sabe, mas o que lhe acontecerá se continuar assim até o final do ano. Na avaliação formativa não se avalia por avaliar, mas sim para fundamentar uma decisão, forja-se os próprios instrumentos avaliativos que vão do criterioso teste descrito de modo analítico de aquisição ou de domínio à observação in loco dos processos intelectuais no aluno, dos métodos de trabalho, dos procedimentos.
    O fio condutor de sua obra é a relação entre avaliação e decisão, uma vez que a avaliação é analisada como um componente de um sistema de ação.
  • Uma sociologia da avaliação nasce a partir do instante em que se recusa a acreditar que o êxito e o fracasso escolares resultam de uma medida objetiva de competências reais, em que essas são vistas, ao contrário, como representações criadas pela escola, que define formas e normas de excelência, mede graus de conhecimento ou de domínio, fixa patamares e níveis distintos, afinal, aqueles que têm êxito e aqueles que fracassam. (PERRENOUD 1999)
  • O autor propõe que se tome um certo distanciamento da intenção declarada da avaliação escolar, que é dar conta do domínio das competências e dos saberes que constam no programa, o que significa dizer que, de acordo com sua opinião, o que se avalia não é, na verdade, o que se crê avaliar, porque são testadas de um lado, aquisições intelectuais e culturais muito gerais e, por outro lado, saberes contextualizados que evidenciam o funcionamento em circuito fechado das escolas.
    Ao lermos o trabalho de Perrenoud encontramos uma visão que mais se aproxima da realidade questionadora encontrada no meio dos profissionais da educação, ou seja, a procura por um método verdadeiramente eficiente de avaliar que seria, a principio, a avaliação formativa. É claro que não podemos unicamente aderir a um novo conceito de avaliação, como é o caso da avaliação formativa, sem que tenhamos consciência de que a avaliação é apenas parte de um sistema, e que esse sistema terá que reformular-se como um todo no que tange aos seus conceitos de educação.
    Dando continuidade a essa revisão bibliográfica, veremos o que diz a respeito da avaliação um dos mais lidos estudiosos da educação que é Celso Vasconcelos.
    • 4- Avaliação Democrática
    Na visão de Vasconcelos (1994) a questão básica é a avaliação e o tipo de avaliação que vem se fazendo. Segundo ele:
  • Avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar obstáculos. A nota, seja de na forma de número (ex.:0-10), conceito (ex.; A, B, C, D) ou menção (ex..: excelente , bom , satisfatório, insatisfatório), é uma exigência formal do sistema educacional.
  • Por mais mudanças que se venha fazer há necessidade da avaliação continuar existindo, para que se possa cumprir sua função de auxílio no processo de ensino-aprendizagem, garantido a construção do conhecimento.
    Entendemos que esta nova concepção de avaliação mude a postura do professor deslocando suas energias e potencialidades para a aprendizagem e não no controle do transmitido, havendo uma interação entre o professor e o aluno. Existem problemas de ordem político-social, mas o que caracteriza o aprendizado são os professores motivados, preparados e orientados.
    Ao tentar mudar o tipo de avaliação nos deparamos com a dificuldade da transformação e da conscientização do grupo de trabalho. As idéias surgem a partir da tentativa de colocá-las em prática, refletindo sobre isto, coletivamente e criticamente.
    O professor precisa a partir de uma autocrítica abrir mão do uso autoritário, rever a metodologia de trabalho em sala de aula, redimensionar o uso da avaliação tanto no ponto de vista do conteúdo como da forma, modificar a postura diante dos resultados da avaliação e criar uma nova mentalidade junto aos alunos, colegas e pais.
    Como vimos, o professor deve propiciar uma metodologia que leve a participação ativa do aluno, seja com debates, trabalhos em grupo, pesquisas, etc. Deve estar atento para que não se instale no aluno o medo da pergunta, pois esta revela ao professor o percurso que o aluno está fazendo na construção do conhecimento.
    Segundo Vasconcellos a ‘prova’ (grifo meu), enquanto instrumento de avaliação com horário especial, rituais especiais, etc. representa a ruptura com o processo de ensino-aprendizagem, ênfase demasiada para a nota e acaba servindo apenas para classificar o aluno, opondo-se à dinâmica trabalhada em sala de aula, pois está desvinculada do processo ensino-aprendizagem.
    Entretanto, isso não significa que a avaliação deva ser abolida, pois sem ela não seria possível apreender as dificuldades dos alunos, por não haver uma avaliação do processo e o professor não teria como ajudá-los.
    O que Vasconcellos propõe é que a avaliação seja um processo contínuo do trabalho cotidiano da trajetória de construção e produção do conhecimento do aluno e não apenas um único momento ‘sacramentado’ e ‘destacado’ (grifo meu) característico da ‘prova’ (grifo meu).
    Outro aspecto relevante é a nota, que por sua vez reprova e não adianta iludir o aluno fazendo de conta que ela não existe, pois o aluno pode ser surpreendido com uma reprovação. O professor deve, portanto, mostrar ao aluno através de práticas concretas e não de discursos que, se ele realmente aprender a nota virá como conseqüência natural, mas se o aluno só se preocupar com a nota acaba não aprendendo.
    O autor propõe a diminuição gradativa da ênfase na avaliação através de algumas práticas concretas tais como: não fazer semana de provas e sim realizar a avaliação no horário normal de aula. As atividades (avaliações, trabalhos, etc.) que tiverem data determinada deverão ser negociadas entre a classe e o professor em um prazo adequado. Deve-se também superar os ‘calendários de provas’ (grifo meu) na sala dos professores ou na sala de aula; não mudar o ritual, ao contrário, propor a avaliação como uma outra atividade qualquer; avaliar o aluno em diferentes oportunidades estabelecendo um número mínimo de momentos de avaliação; não se deter só às provas, mas diversificar as formas de avaliação como atividades por escrito, dramatização, trabalho de pesquisa, avaliação oral, entre outras, levando em conta os estágios de desenvolvimento dos educandos; diversificar os tipos de questões como testes objetivos, V ou F, palavras cruzadas, completar, pedir desenho, enumerar de acordo com ordem de ocorrência, copiar parte do texto de acordo com o critério, etc.
    O autor destaca a necessidade de espaço para a avaliação dissertativa, que segundo ele, da oportunidade de expressão mais sintética do conhecimento constituído pelo aluno, atribuindo maior peso a esse tipo de questão, uma vez que exige maior empenho e domínio do conhecimento. Pode-se também contextualizar as questões a partir do texto com perguntas relacionadas à aplicação prática: a) problemas com significado acompanhados por desenhos, gráficos, esquemas, etc.; b) colocar questões a mais, oferecendo a opção de escolha para os alunos; c) dimensionar adequadamente o tempo de resolução da avaliação, evitando a ansiedade do aluno; d) substituir o termo "prova" por "atividades", utilizando essa mesma nomenclatura para trabalhos, pesquisas, etc., lembrando, no entanto, que não se trata apenas de mudar a nomenclatura; e) esclarecer aos pais e alunos quais os critérios de avaliação que estão sendo adotados pelo professor.; f) não pedir assinatura dos pais, uma vez que avaliação faz parte do processo e os pais devem acompanhar todo o trabalho dos filhos e não somente as avaliações; g) não vincular a reunião de pais à entrega de notas, pois essas reuniões devem ter o objetivo de interação entre a escola e a família, uma vez que, entregar as notas na reunião acaba dando destaque a nota, melhor, então, que sejam entregues aos alunos; h) realizar avaliação em dupla ou em grupo, sem dispensar a individual; i) fazer avaliação com consulta; j) elaborar avaliações interdisciplinares; l) proporcionar aos alunos sugestões de questões ou propostas de trabalhos para avaliação; m) eliminar uma das notas de um conjunto com o objetivo de diminuir a tensão do aluno; n) não ter pedido especial para avaliação substitutiva (impressa, taxa), ou dispensá-la, no caso de já ter outros instrumentos, ou, ainda, acertar a realização da mesma diretamente com o aluno; o) não incentivar a competição entre os alunos; p) avaliação não deve ser elaborada por terceiros, mas sim pelo próprio professor; q) avaliação não deve ter que passar pela coordenação/supervisão antes de ser aplicada.
    Vasconcellos diz que é fundamental que o educando saiba o que vai ser exigido dele. Destaca, também, o quanto é importante definir critérios para avaliação de forma a valorizar o que realmente é importante como, também, ser flexível na correção de acordo com a realidade dos educandos. Ele coloca como exemplo a avaliação de um texto que pode ser avaliado com diferentes pesos específicos como, o conteúdo, a argumentação, a organização das idéias, o aspecto gramatical, a estética, etc.
    O professor não pode se esquecer de manter a continuidade entre o trabalho de sala de aula e a avaliação, pois ambos fazem parte de um mesmo processo, porém, isso geralmente não ocorre em virtude de uma tendência autoritária de se solicitar nas avaliações exercícios com grau de complexidade bem maior do que os dados em aula, mas não se trata de fazer exercícios iguais os dados em aula, mas no mesmo nível de complexidade.
    O objetivo da avaliação deve ser avaliar aquilo que é fundamental no ensino como o estabelecimento de relações, a comparação de situações, a capacidade de resolver problemas, a compreensão crítica, etc.
    O autor coloca que a avaliação sócio-afetiva é importante, mas ela não pode ser vinculada à nota. Pode ser trabalhada com conceitos ou pareceres descritivos sem caráter de aprovação ou reprovação. Essa avaliação engloba as atitudes, valores, interesse, esforço, participação, comportamento, relacionamento, criatividade e iniciativa do aluno.
    No que tange à indisciplina, Vasconcellos coloca que o professor ao invés de punir o aluno através da nota deve propor uma ação educativa apropriada: aproximação, diálogo, investigação das causas, estabelecimentos de contratos, abertura de possibilidades de integração no grupo. Caso o aluno persista com a indisciplina deve ser privado da convivência com o grupo e orientado até que deseje retornar com uma nova postura.
    A auto-avaliação é outro fator que deve ser proporcionado ao aluno, porém, sem vínculo com a nota, de forma que possa constituir-se efetivamente num importante instrumento de formação do educando.
    Quanto à nota de ‘participação’ (grifo meu) o autor coloca que esta deverá ser estabelecida em cima de critérios bem objetivos, como entrega de exercícios, tarefas, trazer o material, presença, etc. Dessa forma o professor terá elementos para dialogar com o aluno e ajudar na sua formação.
    Cabe ressaltar que Vasconcellos não concorda quanto a utilização de trabalhos para recuperar nota, pois, para ele, esse processo vai mascarar a realidade, ou seja, o professor deve reconhecer que ou a avaliação não foi bem elaborada ou os alunos necessitam passar por um processo de recuperação. O importante não é o aluno obter uma nota significativa, mas realizar um trabalho a contento, aprender.
    Na questão dos trabalhos de grupo deve-se observar os diversos aspectos que envolvem essa atividade para que se obtenha a eficácia desse método de trabalho, tais como: verificar até que ponto essa proposta está clara tanto para o professor como para os alunos; orientar os alunos quanto à metodologia de trabalho em grupo, uma vez que muitos professores reclamam que os alunos não sabem trabalhar em grupo. Cabe ao docente capacitar os educandos esclarecendo quais os objetivos do trabalho, acompanhando ativamente o seu desenvolvimento, dando autonomia ao grupo diante das primeiras dificuldades. Caso não consigam resolver devem solicitar a ajuda do professor, que vai verificar os diferentes níveis de participação.
    Em se tratando de avaliar trabalhos em grupo , o autor sugere que o professor dê um total de pontos para que o grupo distribua a cada membro. Trata-se de uma gestão coletiva tanto da produção do conhecimento, quanto da avaliação. É claro que o professor deve acompanhar todo o processo para evitar deturpações de critérios, como distribuição de pontos por ‘inteligência’, ‘recursos materiais’, ou ainda por ‘força ou tamanho físico’ (grifo meu).
    Segundo Vasconcellos, a avaliação numa perspectiva transformadora é aquela que os resultados constituem parte de um diagnóstico e que, a partir dessa análise da realidade, sejam tomadas decisões sobre o que fazer para recuperar os problemas constatados, ou seja, perceber a necessidade do aluno e intervir na realidade para ajudar a superá-la. Pois, conforme o autor, a avaliação tem servido para emitir um conceito para a secretaria e ficar livre de cobranças. O autor coloca que a avaliação deve ter efeito prático, cabendo ao professor organizar recuperação paralela, retomar assuntos, explicar de outra maneira, mudar a forma de organizar o trabalho em sala de aula, dar atenção especial aos alunos que têm maior dificuldade, etc.
    Ao aluno cabe empenhar-se mais, dar especial atenção à matéria com dificuldade, rever esquema de participação em sala de aula, rever método de estudo, etc. Já, a escola, deve proporcionar condições de estudo, espaço para recuperação, revisão de currículo, integração entre professores.
    Outro fator importante é a questão da valorização do erro, que se dá através da valorização exclusiva da resposta certa.
  • Sabemos que o erro faz parte da aprendizagem, na medida que expressa uma hipótese de construção do conhecimento, um caminho que o educando (ou cientista) está testando e não está tendo resultado adequado. É portando, um excelente material de análise para o educador, pois revela como o educando está pensando, possibilitando ajudá-lo a reorientar a construção do conhecimento.
  • O professor também deve cuidar para não estereotipar o aluno com rótulos ‘a criança é assim’, ao invés de ‘a criança está sendo assim’, ou ‘tem se apresentado assim’ (grifo meu). No primeiro caso, associa-se o comportamento à essência da criança, já no segundo admite-se a criança num processo de vir a ser, num dinamismo que permite a mudança.
    Para Vasconcellos os conselhos de classe podem ser relevantes estratégias na busca de alternativas para a superação de problemas pedagógicos, comunitários e administrativos da escola. O autor sugere algumas observações quanto a sua organização como: serem realizados durante o ano, não apenas no final, quando pouca coisa pode ser modificada; devem contar com a participação de todos os envolvidos, ou seja, professor, pais, alunos ou seus representantes, equipe de coordenação, auxiliares de disciplina, para uma visão de conjunto; o enfoque principal deve ser o processo educativo e não as notas e os longos comentários de cada aluno problema.
    Para o autor, o verdadeiro compromisso do professor com a ‘recuperação’ (grifo meu) é o de garantir a aprendizagem dos alunos, especialmente daqueles que têm maior dificuldade. Daí a importância da ‘recuperação instantânea’ (grifo meu); ou melhor, da recuperação que ocorre no ato mesmo de ensinar, a partir dos erros, da percepção das necessidades dos educandos.
    Em se tratando de reprovação, o autor coloca que para evitar que isso ocorra deve-se observar os seguintes aspectos: a avaliação tipo prova individual, apenas revela aquilo que se estruturou no sujeito, o passado, não dando conta de avaliar aquilo que está em desenvolvimento, em processo de vir a ser, que poderia desabrochar na interação com outros colegas, com o professor, através de outro tipo de atividades.
    Outro aspecto que deve ser considerado neste caso específico é a influência dos fatores sócio-afetivos, de tal forma que o aluno não venha a perder o ano em decorrência de um problema circunstancial, dessa esfera, que tenha afetado o seu rendimento.
    Vasconcellos propõe trabalhar a conscientização da comunidade educativa através da construção de critérios comuns. O educador deve trabalhar com os alunos, pais, colegas educadores, na conscientização de uma nova mentalidade a respeito da avaliação, superando o conceito deformado a respeito da mesma.
    É de fundamental importância que os professores deixem claro aos pais e alunos os critérios utilizados na avaliação. A reunião pedagógica semanal como um encontro para refletir crítica e coletivamente a prática, já é um exercício constante de avaliação por parte dos educadores e um espaço privilegiado para que esses critérios sejam sempre rediscutidos, esclarecidos e concretizados.
    O aproveitamento coletivo deve ser incentivado entre os educadores, ou seja, conscientizar os alunos de que a colaboração de todos é fator de crescimento mútuo. "A aprendizagem escolar é uma tarefa coletiva e não uma apropriação privada de um conhecimento, simplesmente para aumentar o "preço" do indivíduo no mercado de trabalho"
    A escola tem o papel de explicitar sua proposta educacional à família, no momento da matrícula ou nas reuniões logo no inicio do ano, mostrando que as mudanças são para que as crianças aprendam mais e melhor, para que sejam felizes. A família deve, também, ser orientada no sentido de perceber o papel importante que ela tem em não distorcer o sentido da avaliação, não dando destaque demasiado para a avaliação, mas participar diariamente do desenvolvimento do filho na vida escolar, ajudando-o a criar uma sistemática diária de estudo, não comparar as notas do filho com as dos colegas, não prometer recompensa em troca de passar de ano, apoiar as mudanças da escola, enfim ser um pai participativo na vida escolar do filho.
    Quanto a educação libertadora, o autor coloca que não se trata de diminuir as exigências com relação aos alunos, ao contrário essa educação tende a um ensino extremamente exigente em que o sujeito tem que ser muito competente para poder colaborar na transformação da realidade, mas ao mesmo tempo, um ensino inteligente, uma educação que esteja baseada em princípios científicos, na compreensão da estrutura do conhecimento e do processo do desenvolvimento do educando. O que tem que ser exigente são as aulas e não, separadamente, as normas ou as provas.
    É imprescindível, também, a mudança da avaliação nos cursos de formação de professores, uma vez que as experiências que os futuros educadores têm nos seus processos de formação são decisivas para suas posturas, posteriormente, na prática de sala de aula. Faz-se necessário, portanto, que esses educadores tenham já na sua formação uma nova prática em termos de avaliação, pois o que se tem visto nos cursos de formação é o professor recebendo uma série de conceitos bonitos sobre como deve ser a avaliação de seus alunos, mas é avaliado no esquema bem tradicional. Então, quem trabalha com a formação acadêmica de novos professores, tem o compromisso de mudar a prática de avaliação dos mesmos.
    É importante salientar que uma das graves distorções na avaliação escolar é a sua restrita aplicação ao aluno, como se todo o resto - o professor, o livro didático, currículo, direção escola - estivesse acima de qualquer suspeita.
    Na realidade, a avaliação deve atingir todo o processo educacional e social se quisermos realmente superar os problemas. É importante lembrar que não se trata de ampliar o "campo" de avaliação, a questão é ver o que precisa ser mudado para garantir a aprendizagem, para que se concretize o novo projeto social. A avaliação deve, também, levar à mudança do sistema educacional, ou seja, há a necessidade de uma definição da política educacional séria, ampla e comprometida com os interesses das classes populares que leve à alteração progressiva das condições objetivas de trabalho como mais escolas, mais vagas, classes menos numerosas, mais verbas, melhor formação dos professores, mais instalações (bibliotecas, laboratórios, centros esportivos), diminuição do controle burocrático, etc.
    Finalmente a efetivação de uma avaliação democrática na escola depende da democratização da sociedade, de tal maneira que não seja mais necessário usar a escola como uma instância de seleção social. Cabe aos educadores comprometerem-se com o processo de transformação da realidade, alimentando um novo projeto comum de escola e sociedade.
    Para melhor compreendermos a questão da avaliação, faz-se necessário, também, investigar autores que abordam o campo dos objetivos educacionais. Acreditamos ser importante trazer uma consideração sobre este assunto pois que interfere diretamente na questão da avaliação. Esses autores, inclusive figuram na bibliografia dos livros de Philippe Perrenoud e Jussara Hoffmann.
    • 5- Objetivos Educacionais
    Bloom, Hastings e Madaus (1983, p.5-46), nos dizem que os objetivos educacionais ou metas de ensino são, na verdade, a manifestação do desejo das autoridades escolares de definir os tipos de mudanças que esperam que se processe no aluno.
    Salientam, no entanto, que esse desejo de mudanças nem sempre abrange todos os resultados do ensino pois, na maioria das matérias, é impossível prever a amplitude total dos resultados uma vez que à medida que um curso progride, normalmente surgem resultados inesperados tanto positivos como negativos.
    Explicitam, ainda, que para o planejamento de objetivos educacionais é necessário levar em conta o que é possível e o que é desejável. É preciso, também, observar as características do aluno e do professor e um estudo da sociedade atual e da filosofia da educação.
    Para que haja definição eficaz dos objetivos o autores dizem:
  • Cremos que no início do ano letivo o professor deve deixar bem claro para si e para os alunos quais as mudanças que espera que neles ocorram como resultado do curso.Com estes objetivos em mente, ele poderá proceder a uma escolha consciente dos materiais, procedimentos e estratégias de ensino. Tendo estas metas em mente, ele poderá utilizar adequadamente as técnicas de avaliação e encontrar formas de trabalhar com os alunos individualmente ou em grupo, afim de cumprir as metas colocadas. E, à medida que trabalha com determinados grupos de alunos, irá modificando suas metas e deverá adaptar o plano à realidade de cada classe.
  • Baseada nos recursos da literatura sobre aprendizagem e psicologia, a avaliação poderia fornecer ao professor os dados necessários a respeito da eficiência dos procedimentos que utilizam.
    Os autores defendem a formulação e utilização dos objetivos educacionais desde que desempenhem papel central e essencial no ensino e na aprendizagem. Chamam atenção, ainda, para uma questão muito importante na definição de objetivos: será útil para quê?
    É necessário ver que conceitos muito amplos normalmente empregados por comissões nacionais de organização de currículos, não oferecem indicação precisa a respeito de quais modificações esperam que os alunos atinjam. Alguns exemplos disso são:
    uso mais adequado de...; desenvolvimento de... .
    Dizem ainda os autores: " Qualquer atividade de ensino que o professor realize tem como objetivo auxiliar o aluno a se modificar de alguma maneira, auxiliá-lo a desenvolver uma nova capacidade ou aperfeiçoar uma outra, já existente." Logo, a razão pela qual os professores, planejam, demonstram e dão aulas é com o objetivo de modificar o aluno, ou seja, o aluno deverá ser capaz de fazer algo que não conseguia fazer antes.
    De acordo com as abordagens de Tyler e Gagné, citadas no livro, o grau de sucesso de um programa deverá ser avaliado através de uma avaliação ou mensuração do rendimento do aluno; portanto, segundo eles, "os objetivos devem ser definidos em termos operacionais, que permitam uma observação segura e que não dêem margem a interpretações."
    Como se processa, então, a definição de um objetivo educacional? De acordo com os autores "deveria ser expressa em termos do comportamento que se deseja que o aluno atinja e das áreas de conteúdo. E, o que é mais importante, deve conseguir comunicar o que o professor pretende." Isso se dá quando qualquer pessoa especializada na área observando o comportamento ou as produções do aluno, é capaz de verificar se o objetivo foi atingido ou não. Cabe salientar que mesmo um objetivo formulado adequadamente nem sempre assegurará seu valor educacional, nem garantirá que o aluno o atinja.
    A razão para a falha na comunicação dos objetivos dá-se pelo professor muitas vezes utilizar termos imprecisos, como por exemplo: conhecer, compreender, entender, etc... . A falha na utilização desses termos surge por não ser possível observá-los diretamente.
    Para que não se obtenham interpretações variadas na definição de objetivos seria interessante substituí-los por verbos de ação, que requeiram uma observação direta. Como exemplo de termos mais aceitáveis temos: definir, reconhecer, distinguir , avaliar, entre outros. Estes verbos podem descrever o que o aluno faz para demonstrar que atingiu o objetivo em questão.
    Ainda, de acordo com os autores, " o verbo de ação utilizado para definir os objetivos pode também auxiliar na determinação da seqüência de instrução e dos procedimentos de avaliação a serem utilizados."
    Resumindo dizem ainda, " o objetivo é suficientemente específico quando tiver sido operacionalizado de tal forma que permita a qualquer leitor concordar, com segurança, que o desempenho ou produção do aluno atingiu o objetivo."
    Blomm, Hastings e Madaus, afirmam existir, entre outras, três estratégias que podem ser empregadas na identificação e no detalhamento dos objetivos de um curso. São eles: análise dos testes do professor: o grupo poderia começar pela análise dos testes já utilizados por diferentes professores para avaliar o resultado do curso. Analisando os itens testados, à luz das experiências de instrução dos alunos é possível deduzir os tipos de comportamentos que são exigidos na resposta à cada questão; observação em sala de aula de resultados imprevistos: outra forma de formular objetivos é através da observação nas classes, visando identificar as mudanças que realmente ocorrem no aluno. Neste tipo de estratégia não observa-se apenas os comportamentos finais esperados mas também resultados não previstos; Taxonomia de objetivos educacionais: é o resultado do trabalho de um grupo de examinadores que atuavam no nível colegial e que desenvolveram o sistema de classificação de objetivos educacionais, afim de facilitar a comunicação entre si mesmos e com seus colegas a respeito dos objetivos, itens de testes e procedimentos de avaliação por meio de testes. A Taxonomia pode ser utilizada de várias maneiras pelos professores. Por exemplo, pode auxiliá-los a especificar seus objetivos operacionalmente.
    Na verdade, ainda segundo os autores, a Taxonomia faz com que o professor supere os problemas para definição de seus objetivos utilizando para isso um ponto de referência comum sobre o qual trabalhará suas discussões. Uma das principais vantagens da Taxonomia cognitiva é a possibilidade de medir objetivos mais complexos do que a memorização dos fatos.
    • PCN: o que dizem
    Nos PCN a avaliação serve de indicador para orientar a prática educacional. Mostra ao professor quando é preciso realizar ajustes no processo educativo. Para tanto, ela não pode ser feita apenas em momentos específicos ou no final do ciclo escolar. A avaliação exige uma observação sistemática dos alunos para saber se eles estão aprendendo, como estão aprendendo e em que condições ou atividades eles encontram maior ou menor dificuldade. Essa avaliação deve referir-se não apenas ao domínio de conteúdos específicos, mas também ao desenvolvimento das capacidades. Deve-se, então, avaliar o aluno como um todo, nas mais diferentes situações que envolvem aprendizagem tais como: nos trabalhos escolares, na solução de problemas propostos, nas brincadeiras, etc.
    Os PCN dão destaque, ainda, a importância da avaliação inicial que será a fonte de subsídios para o professor fazer seu planejamento, determinando os conteúdos e respectivo grau de aprofundamento.
    Minimizar um dos piores problemas escolares que é a reprovação é um dos objetivos das propostas de avaliação dos PCN, com isso professor e aluno deverão ter tempo suficiente para detectar problemas e encontrar soluções antes de chegar a um resultado tão negativo. A reprovação, dessa maneira, servirá apenas para casos muito específicos.


    • Considerações finais
    Ao final das leituras realizadas fica evidenciada a grande dificuldade em estabelecer critérios de avaliação e definir qual o modelo mais apropriado.
    Nós, profissionais da educação, assim como todos que de uma forma ou de outra encontram-se envolvidos com o processo educacional, questionamo-nos constantemente de que forma agir no momento de avaliar se nossos alunos atingiram as competências a serem adquiridas pré-estabelecidas para um determinado período letivo.
    A avaliação deveria ter como resultado a mostra efetiva da aprendizagem adquirida pelos alunos no seu todo, não apenas as evidenciadas por ocasião de provas que, como se sabe, nem sempre revelam a verdade pois, muitas vezes, pelo fato de o aluno saber que está sendo avaliado criar uma situação de tensão que em alguns casos leva a interferências de ordem emocional.
    Sabemos que no momento de definir os objetivos educacionais para uma determinada escola os trabalhos dos autores anteriormente citados são levados em consideração como forma de embasamento teórico e, em todos eles, percebe-se que não há mais lugar para avaliações de forma puramente tradicional, no entanto, na prática, o que se percebe é que por comodismo, talvez, os critérios definidos do momento do planejamento mantêm-se intimamente ligados ao método tradicional de avaliar.
    Esta revisão bibliográfica buscou evidenciar quais os objetivos educacionais, critérios e ferramentas de avaliação seriam os mais adequados e, lendo as diferentes obras, conclui-se que já não há mais lugar para posturas retrógradas, contrárias às mudanças, tanto por parte dos professores como da escola como um todo. Deve-se sim, avaliar os alunos em todos os momentos, em todo o processo de ensino-aprendizagem buscando atingir as competências que se espera desenvolver, coisa que não pode ficar resumida a momentos específicos (provas, testes, trabalhos), mas sim todo o desenvolvimento das atividades que levaram a construção de novos conhecimentos, ou seja, todo o envolvimento que houve por parte do aluno para essa nova aquisição.
    A meu ver, os estudos de Philippe Perrenoud são os que mais se aproximam daquilo que nós profissionais da educação buscamos, como forma de avaliar com eficácia e coerência. A avaliação formativa seria o caminho para avaliar se o ensino-aprendizagem desenvolvidos em dado período atingiu realmente os objetivos propostos, apreendendo se realmente os alunos conseguiram desenvolver as competências planejadas no início do trabalho.
    Vale sempre termos em mente que toda a mudança de conceitos exige muita determinação e persistência, tendo em mente a série de barreiras que teorias modernas muitas vezes geram em ambientes conservadores, como os de algumas escolas.
    Referências Bibliográficas:
    BLOOM, B.S.; HASTINGS, J.T.; MADAUS, G.F. Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1983.
    HOFFMANN, J.M.L. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 20.ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 1996.
    HOFFMANN, J.M.L. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Liberdade & Realidade, 1996.
    Parâmetros curriculares nacionais- língua portuguesa. MEC, 1996. Disponível em: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/humanas/educação/pcns/fundamental/portugues.htm/#indice. Acesso em 12 jun.2003.
    PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: ARTMED Editora, 1999.
    SAUL, A . M. Avaliação emancipatória: desafio à teoria da avaliação e reformulação do currículo. São Paulo: Cortez, 1995.
    VASCONCELOS, C. DOS S. Avaliação; concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertat, 1994.

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    *Artigo acadêmico realizado na disciplina de Estudo e produção de texto II 1º semestre de 2003, orientado pelo professor Marcos Baltar.
    **Acadêmica do curso de Letras- Licenciatura Plena da Universidade de Caxias do Sul.