Escrito por Helder Anahory de Sena
Do alto do céu - Chora uma lua - Envelhecida de tristeza
Pelas ruas dormem meus amores - Cobre-os mantos de terrores
A noite está escura - A rua está fria - A fome é nua
Corpos sem vida também suam! - Na rua onde o pão é lama
Está ausente a alma - A miséria é crua
A Justiça fugiu de férias! - Olhos de meninos vadios
Não sabem ver luas - Levam árvores mortas no olhar...
Os meninos vadios são também lindos –
Também sonham, sentem, tem pensamentos
Mas cegas são as sociedades que não sabem os cuidar!
Secaram os verdes galhos - Morreram as flores da infância - Ficou vazia
A plenitude da vida. Sem fragância
Pelas noites frias tombaram como ramos velhos. - No Paúl Das Mortas Águas
Os rios forman-se de lágrimas - Não existem madrugadas
As rosas florecem das agonias - No alto, triste, envelhecida
Os meninos da rua - Nunca conheram a alegria - Que era sua justa herança
O menino que a fome matou - Viveu sem vida e sem crença
A morte, mais justa que o homem, o vingou!
O dia anoiteceu em quanto era dia - E as noites renascem de mais trevas
Nos olhos mortos de uma menina - Violada na calada de um beco escuro
Onde morreram todos os sonhos de uma vida –
E feneceu toda glória de ser humano!
Dormem meus amores - Dormem sem temores - Deixai calar as vossas dores
Deixai dormir os meninos da rua! - Calai-vos tambores - Dos iluminados saroes
No deserto não se ouve vossas vozes - Que por aí vivem os chacais
Calam! Só no nascer - E ao morrer somos iguais - O resto tudo e sorte!
Descança no céu ó luas - Sossega-te minha alma - Que também tu choras
Como eles a sós choraram! - Como eles morreram - Assim tu tambem
Que seca a fonte negra, - Que seca! Cala-te ó sorte - Que não tem dor nem regra!
Dormem, dormem meus meninos - Dormem sem temores
Dormem meus lindos amores! - Dorme minha alma!
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