quarta-feira, 14 de agosto de 2013

FILOSOFANDO VERDADE


A verdade. Se não há lógica na existência, mas a existência é verdadeira, então a verdade também não tem lógica. Esta é a questão que Kierkegard aborda em "Post-scriptum não científico". Assim, para ele, não encontramos a verdade como uma coisa objetiva e lógica, destacada de nós, mas através de nosso modo único e peculiar de apreender as coisas que é nossa paixão: a verdade é encontrada através da subjetividade. Quanto maior o ardor com que se acredita, mais verdadeiro é o objeto do conhecimento. Isto evidentemente equivale a fazer da verdade a expressão da fé. É ao colocar maior ou menor fé em algo, que construímos nossa verdade.
A verdade, para Kierkegaard, não é uma "coisa", mas uma afirmação em relação ao mundo, uma posição de vida. Quando ele diz "a verdade é subjetividade", isto é somente enquanto o sujeito traz tanta paixão junto com seu pensamento que a síntese será um fato verdadeiro. Aquilo que é incerteza, sustentado com o mais apaixonado empenho, torna-se verdade, a mais alta verdade existente para alguém. Assim, o que é subjetivo é verdade, enquanto a coisa objetiva, ao contrário, é incerta.
Então, o que é esta paixão que move o indivíduo? Paixão. Em "Post-scriptum não científico" o filósofo diz que a paixão é uma qualidade de lutar para chegar a ser, é o processo de vir a ser. A paixão é o motivo afirmativo do desenvolvimento, à vontade de se submeter e portanto
de sofrer as mudanças do vir a ser. Essas mudanças são um sofrimento, são temporárias, e o ideal buscado é imaginado como perfeito e completo. Mas a pessoa ao buscar realizar os ideais apaixonadamente sustentados encontra ainda mais acentuada a condição limitada e finita da existência humana.

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