A verdade. Se
não há lógica na existência, mas a existência é verdadeira, então a verdade
também não tem lógica. Esta é a questão que Kierkegard aborda em "Post-scriptum não
científico". Assim, para ele, não encontramos a verdade como uma coisa
objetiva e lógica, destacada de nós, mas através de nosso modo único e peculiar
de apreender as coisas que é nossa paixão: a verdade é encontrada através da
subjetividade. Quanto maior o ardor com que se acredita, mais verdadeiro é o
objeto do conhecimento. Isto evidentemente equivale a fazer da verdade a
expressão da fé. É ao colocar maior ou menor fé em algo, que construímos nossa
verdade.
A verdade, para Kierkegaard, não é uma
"coisa", mas uma afirmação em relação ao mundo, uma posição de vida.
Quando ele diz "a verdade é subjetividade", isto é somente enquanto o
sujeito traz tanta paixão junto com seu pensamento que a síntese será um fato
verdadeiro. Aquilo que é incerteza, sustentado com o mais apaixonado empenho,
torna-se verdade, a mais alta verdade existente para alguém. Assim, o que é
subjetivo é verdade, enquanto a coisa objetiva, ao contrário, é incerta.
Então, o que é esta paixão que move o indivíduo? Paixão. Em
"Post-scriptum
não científico" o filósofo diz que a paixão é uma qualidade de lutar para
chegar a ser, é o processo de vir a ser. A paixão é o motivo afirmativo do
desenvolvimento, à vontade de se submeter e portanto
de sofrer as mudanças do vir a ser. Essas mudanças
são um sofrimento, são temporárias, e o ideal buscado é imaginado como perfeito
e completo. Mas a pessoa ao buscar realizar os ideais apaixonadamente
sustentados encontra ainda mais acentuada a condição limitada e finita da
existência humana.
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