Fé e Paradoxos. Uma
vez que as verdades essenciais estão fora do nosso alcance na medida que não
podemos delas nos aproximar objetivamente, elas aparecem para nós sob a forma
de paradoxos. O paradoxo é uma tensão entre afirmações, entre, pelo menos, dois
focos. Por exemplo, em termos de paradoxo religioso, podemos citar a doutrina
cristã de ser Jesus inteiramente divino e inteiramente humano. Ninguém pode
entender como tal coisa seja possível. No entanto, não há aí contradição
evidente, de modo que essa afirmação pudesse ser logicamente falsa. Uma
contradição lógica coloca duas premissas opostas mutuamente excludentes, tal
como "Pedro é um homem e não é um homem", na qual a palavra
"homem" tem o mesmo significado nos dois lados do enunciado.
Qualquer tentativa de solucionar o paradoxo será
uma tentativa, ou de objetivar o que não pode ser conhecido objetivamente, -
porque estamos no processo de "vir a ser" -, ou de dispensar o papel
da fé como tolice o que, novamente, implica que acreditamos poder conhecer
alguma coisa de modo absoluto, como se tratássemos de fora do sistema ( ou do
universo) - como se de uma posição objetiva.
vimos, a verdade subjetiva sobre a verdade
objetiva, isto é, o que existe é, segundo ele, "a verdade que é verdadeira
para mim". Quando dizemos que nosso pensamento corresponde à coisa que
pensamos, estamos no mínimo inconscientes da mediação dos sentidos que é
necessária ao conhecimento do objeto, mediação que é incompleta ou de algum
modo prejudicada. Em outras palavras, quando identificamos o pensamento com o
ser a ele correspondente, estamos nos enganando. Portanto, Kierkegaard conclui
que quando alegamos conhecer uma coisa, só podemos dizer isto como um ato de
fé. Este é precisamente o fundamento da fenomenologia de Husserl para quem nós
só podemos conhecer objetos ideais, não as coisas em si. Então, o sistema
lógico de Hegel torna-se impossível.
Existencialismo. Ao
pensador objetivo, Kierkegaard opõe o indivíduo único, subjetivo. A verdade
repousa na subjetividade, e, assim como a verdade, a verdadeira existência é
alcançada por meio da intensidade dos sentimentos. Sem paixão não há movimento
para o pensador. Existir, em contraste com simplesmente ser, envolve um
relacionamento infinito consigo mesmo e uma ligação apaixonada com a vida. Nós não
encontramos a verdade por via de uma "objetividade" destacada mas
através de um profundo engajamento com o mundo. Assim, por simplesmente
aprender as coisas "objetivamente", nos esquecemos o que é existir. O
indivíduo realmente existente (a) está em uma relação infinita consigo mesmo e
tem um interesse infinito em si e no seu destino; (b) Sempre sente a si mesmo
em um "vir a ser", com uma tarefa diante de si; e (3) Está
apaixonado, inspirado com um pensamento apaixonado. Ele chama a isto "paixão
de liberdade". Com este pensamento Kierkegaard abre as portas do
Existencialismo.
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