sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dez Regras aos Boêmios



Declaração Universal dos Direitos dos Boêmios

01)-Todos os Boêmios Cósmicos até de além da Via Láctea, têm o mesmo direito à vida noturna, notívaga, da fauna seresteira, sem tirar nem pôr. E todo Boêmio é um filósofo para muito bem discutir futebol, mulher, política, religião e objetos não identificados, principalmente depois da saideira que nunca termina de ser a antepenúltima...
02)-Todos os Boêmios têm direito ao respeito e a proteção dos abstêmios e mesmo à proteção da lei da vida urbana e das autoridades constituídas, até porque, as grandes revoluções e guerras podem começar ou terminar nos bares e é melhor prevenir do que remediar
03)-Nenhum Boêmio deve ser maltratado, tendo sempre direito a pinduras, fiados, cheques borrachudos ou mesmo até algumas biritas e saideiras por conta de amigos do chamado “Lar Doce Bar” ou mesmo por conta da casa, porque Boêmio que presta é Boêmio que não troca o destilado pelo duvidoso. E depois, falando sério, pode ser melhor deste lado do que do lado de lá... Deus abençoe o limão e o açúcar. Meu reino por uma garrafa de cachaça.
04)-Todos os Boêmios inveterados e incorrigíveis, têm o direito de viver para sempre no seu habitat rueiro de gracioso natureba-etílico em peregrinação, entre as musas, amantes e amigas do alheio, longe dos que têm cérebro de minhoca, os subcretinos e os alcoólatras anônimos
05)-A esposa-vitima que o Boêmio escolher para ser sua eternal companheira na alegria e na falta de cerveja, no álcool nosso de cada dia ou na ressaca, não deve nunca abandoná-lo como a um Engov ou Sonrisal usado. Abandonar um boêmio é condená-lo ao dezelo íntimo que resultará numa cirrose como seqüela de seu desmanche como ser e como humano. E depois, beber é divino.
06)-A nenhum Boêmio deverá ser causado qualquer dor de qualquer natureza, e a mulher que o deixar e o trair por ser ***, será para sempre renegada por todos os viventes com consciências arejadas, cairá na vida e será uma qualquer na vida difícil sem ele, um incompreendido pelas pedaçudas de miolo mole e certos interesses escusos de percurso. Para compreender um Boêmio tem que ter olhos de santa, abraços de estrelas e alma avelã.
07)-Todo ato que põe em risco a vida ou o fígado do Boêmio, é um crime contra a natureza e a sua orquestra cósmica de preservação dos seresteiros, cantadores, trovadores, louvadores da vida e da beleza da vida por atacado. O Bar é nosso e ninguém tasca. E artistas bebem para suportarem a insanidade e o cinismo de parte da sociedade de lucros impunes, riquezas injustas, propriedades-roubos e falsidades cênicas (antros neoliberais produzem monstros)
08)-A poluição da vida (becos e guetos), do bar (estranhos e pára-quedistas), de praias e montanhas, de terras lindas como Itararé, Cidade Poema, Curitiba, Shangri-lá, Pasárgada, Terra do Nunca, Paris, Rio de Janeiro, será considerada um crime contra a existência dos boêmios que são livres pela própria natureza, cantadores por ócios do oficio, com suas contentezas e prazeiranças de alegrar mundos e fungos, ícaros e almas naus, periferias cor-de-rosa e bares risca-facas. Saravá, Pixinguinha e Maestro Gaya. Os que não sabem beber são saúvas. E as saúvas ainda vão acabar com o Brasil. Camarada, que bom que você veio.
09)-Os direitos dos Boêmios serão defendidos por lei e valias desde logo em todos os foros de respeito à vida, à lua crescente ou cheia, à imaginação fértil e às barulhanças do bem viver em paz e com a alma aberta, até porque, ninguém é de ferro e, como disse o Chico Buarque do Brasil - o maior porrista de todos - a seco ninguém segura esse rojão. Saravá, Vininha!
10)-O ser humano deve ser educado desde a tenra infância ainda no materno seio doce ou na mamadeira-chuqinha com suco de uva pra preparar o desfrute no devir – e deve saber que da água viemos e à cerveja voltaremos, e deve, com sensibilidade temporã observar, respeitar e compreender o seu próprio despertar de uma paisana consciência cívica e ético-plural-comunitária (humanismo de resultados), pois, os animais que são puristas amam os bêbados e seus correligionários, mas, principalmente, se não tiver competência etílica ou asa luz para ser um verdadeiro Boêmio de fé e estirpe – e pescador, mentiroso, poeta e contador de causos do álcool da velha - que pelo menos respeite os Baristas e suas vidas ilustres nas constelações noturnas como pirilâmpadas do viver cada dia como se o mundo fosse acabar, se é que o mundo já não acabou e nem fomos avisados. E depois, Boêmio não tem terceira idade, tem terceira infância, e é melhor morrer de porre do que de tédio. Ai que preguiça! O mundo não vai acabar em fogo em enxofre com choro e ranger de dentes, mas acabar em cerveja transgênica com gargalo de espuma radioativa, chorinho e ranger de petiscos nos dentes. E nunca bebam ao dirigir, que a latinha pode cair... E fica o dito pelo não dito. O que abunda tem profundidade. Quem quiser que conte outra, e vamos pedir mais uma rodada que o fígado faz mal à cerveja e depois, malte, levedo, lúpulo, e cevada, é muito melhor do que água. O céu pode esperar. Ave Cezar! Mãos ao Álcool!
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Poeta Silas Corrêa Leite – Boêmio Pela Própria Natureza
Poema da Série “Há Bares Que Vêm Pra Bem - Confesso que Bebi”
Estância Boêmia de Itararé, Chão de Estrelas – “A história do Brasil passa por aqui” - Capital Artístico-Cultural-Etílica da Região Sul do Estado de São Paulo, em boa safra de uva, milho, feijão, calcário, bares, beiras de rios, cevas, luares e, é claro, muita cana-de-açúcar que o céu pode ser lá
E-mail: poesilas@terra.comr.br
Site: www.itarare.com.br/silas.htm
Blogue de Itararé: www.artistasdeitarare.zip.net

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