Um conto de Amor
Ele adora escrever. Sobre
qualquer assunto. Cinema, futebol, artes, política, economia, educação... Se
pedirem para ele escrever sobre o levantar voo de uma mariposa no Sul da África,
ele vai fazer um texto no mínimo atraente. Mas ela o deixa sem palavras. Nunca
nada, nem ninguém, o deixou desta maneira. Ela lhe dava amor, mas lhe tirava as
palavras. As pessoas costumam ficar sem ar com a paixão. Ele ficava sem as
palavras. Fazer o quê? Claro que ele preferia o amor dela do que todas as
palavras do universo, mas como escrever para ela, ou sobre ela, se ele estava
sem palavras?
Ela sempre o inspirou. Desde
antes do reencontro. Reencontro porque essa conexão que eles têm não é dessa
vida apenas... Ele queria ter escrito sobre o inusitado primeiro beijo em um
táxi há quase cinco meses. Qual o casal que já teve seu primeiro beijo em um
táxi, em frente ao famoso Farol da Barra, em Salvador? Eles têm algo especial.
E, aos poucos, ele foi tentando reencontrar as palavras. Talvez inspirado pelas
poesias dela (ele sempre quis namorar uma poetisa)...
O reencontro foi mágico. Ele
olhou para ela e a reconheceu de alguma forma. Ela também. E retribuiu o olhar
com um sorriso. Com poucas palavras, o convidou para conversar. Abriu suas asas
e o acolheu. Ele se sentiu confortável. Quis conversar mais vezes. O tempo
percebeu que eles ainda não estavam maduros o suficiente para reviver um amor
verdadeiro. Algumas vezes eles se visitavam em sonho, pois nada nele era
indiferente a ela e vice-versa.
Mais de um ano após os olhares,
sorrisos e conversas, ele entrou no táxi. Queria ver seus olhos de perto, mas os
óculos escuros dela disfarçavam uma certa timidez. Foram direto para o hotel.
Seus olhos queriam encontrar os dele. Seu corpo queria sentir o dele mais perto.
Mas o destino dizia para esperar um pouquinho mais. Só um pouquinho. E agia em
forma de timidez. Quando os corpos e olhos enfim receberam o sinal verde, se
juntaram de uma forma sublime e inesquecível. Como uma poesia. O amor foi
concretizado. De uma forma a se querer sempre mais. Sempre mais.
Sempre mais.
[Continua...]
Ela: Me manda um beijo.
Ele: Não. Um é pouco.
Ela: E quantos eu mereço?
Ele: Não sei contar até onde
você merece.
Ela: Então me beija sem
contar.
Ele: Melhor perder a
conta.
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