terça-feira, 21 de julho de 2009

Vida Cotidiana por Skinner

O QUE ESTÁ ERRADO COM A VIDA COTIDIANA NO MUNDO OCIDENTAL?
Recortes B. F. SKINNER

De forma simples e rápida podemos pensar em cinco tipos de práticas culturais que desgastaram as contingências de reforçamento sob as quais o processo de condicionamento operante deve ter se desenvolvido:

1. As pessoas trabalham em troca de salários, mas a maior parte do que produzem não reforça diretamente seu comportamento. O grupo lucra a partir de uma divisão do trabalho e da especialização, mas os trabalhadores estão alienados em relação ao produto de seu trabalho. Os empregadores precisam utilizar sanções aversivas.

2. As pessoas pagam às outras para produzirem as coisas que consomem, e assim evitam o lado aversivo do trabalho, mas elas perdem o lado reforçador também. O mesmo ocorre àqueles que são ajudados por terceiros, quando poderiam ajudar a si mesmos.

3. As pessoas fazem muitas coisas simplesmente por aconselhamento, mas somente porque conseqüências reforçadoras ocorreram quando aceitaram outros tipos de conselho. Elas evitam o custo de explorar novas contingências, mas perdem os reforçadores que poderiam ter ocorrido, caso o tivessem feito.

4. Por seguir regras e obedecer a leis, as pessoas evitam punições, tanto por parte de seus conhecidos como do governo ou religião. As conseqüências pessoais que “justificam” as regras ou leis são indiretas e geralmente adiadas por muito tempo.

5. As pessoas olham para coisas bonitas, ouvem músicas bonitas e assistem a espetáculos excitantes, mas os únicos comportamentos reforçados são ver, ouvir e assistir à alguma coisa. Quando as pessoas jogam, fazem muito poucas coisas, um grande número de vezes e, eventualmente, sem lucro.

De maneira muito genérica, podemos colocar o resultado da seguinte maneira: enquanto milhares de milhões de pessoas em outras partes do mundo não podem fazer muitas das coisas que desejam fazer, centenas de milhões de pessoas no Ocidente não querem fazer muitas das coisas que podem fazer.

Quando retiramos o reforçador, vemos o comportamento se extinguir. Mantemos níveis estáveis de força sobre uma vasta gama de valores com vários esquemas de reforçamento.

Probabilidade é difícil de definir e medir, mas a taxa de resposta é uma variável dependente sensível que está relacionada com ela. No laboratório, vemos a força do comportamento mudar conforme mudamos as variáveis das quais é função. Quando, pela primeira vez, tornamos um reforçador contingente a uma resposta, produzimos um operante.

As práticas culturais que examinamos enfraquecem o comportamento de uma forma especial. Elas mudam a relação temporal entre o comportamento e suas conseqüências, especialmente através do uso de reforçadores condicionados e generalizados. O efeito pode ser corrigido pela restauração de contingências mais fortalecedoras.
Uma vez que compreendamos isso, nosso problema pode ser mais simples do que pensamos. É muito mais fácil mudar contingências de reforçamento do que restaurar vontade, reabastecer um reservatório de energia psíquica ou fortalecer nervos.

Contingências de reforçamento são um tópico importante na análise experimental do comportamento, e o que está errado com a vida cotidiana no Ocidente é, precisamente, de competência da análise aplicada do comportamento.
Esse termo é melhor do que modificação de comportamento porque não significa prescrever drogas, implantar eletrodos ou fazer cirurgia. Significa melhorar as contingências fortalecedoras do comportamento.
Neste contexto, há três campos familiares nos quais a análise aplicada do comportamento está fazendo isso são: educação, terapia comportamental e consultoria industrial.

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