quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Rede de Aprendizagem

As possibilidades das redes de aprendizagem

José Manuel Moran / jmmoran@usp.br

Especialista em mudanças na educação presencial e a distância

Hoje temos um número significativo de professores desenvolvendo projetos e atividades mediados por tecnologias. Mas a grande maioria das escolas e professores ainda está tateando sobre como utilizá-las adequadamente. A apropriação das tecnologias pelas escolas passa por três etapas, até o momento. Na primeira, as tecnologias são utilizadas para melhorar o que já se vinha fazendo, como o desempenho, a gestão, para automatizar processos e diminuir custos. Na segunda etapa, a escola insere parcialmente as tecnologias no projeto educacional. Cria uma página na Internet com algumas ferramentas de pesquisa e comunicação, divulga textos e endereços interessantes, desenvolve alguns projetos, há atividades no laboratório de informática, mas mantém intocados estrutura de aulas, disciplinas e horários. Na terceira, que começa atualmente, com o amadurecimento da sua implantação e o avanço da integração das tecnologias, as universidades e escolas repensam o seu projeto pedagógico, o seu plano estratégico e introduzem mudanças significativas como a flexibilização parcial do currículo, com atividades a distância combinadas as presenciais.

Os professores, em geral, ainda estão utilizando as tecnologias para ilustrar aquilo que já vinham fazendo, para tornar as aulas mais interessantes. Mas ainda falta o domínio técnico-pedagógico que lhes permitirá, nos próximos anos, modificar e inovar os processos de ensino e aprendizagem.

As redes, principalmente a Internet, estão começando a provocar mudanças profundas na educação presencial e a distância. Na presencial, desenraizam o conceito de ensino-aprendizagem localizado e temporalizado. Podemos aprender desde vários lugares, ao mesmo tempo, on e off-line, juntos e separados. Como nos bancos, temos nossa agência (escola), que é nosso ponto de referência; só que agora não precisamos ir até lá o tempo todo para poder aprender.

As redes também estão provocando mudanças profundas na educação a distância (EAD). Antes a EAD era uma atividade muito solitária e exigia muita auto-disciplina. Agora, com as redes, a EAD continua como uma atividade individual, combinada com a possibilidade de comunicação instantânea, de criar grupos de aprendizagem, integrando a aprendizagem pessoal com a grupal.

A educação presencial está incorporando tecnologias, funções, atividades que eram típicas da educação a distância, e a EAD está descobrindo que pode ensinar de forma menos individualista, mantendo um equilíbrio entre a flexibilidade e a interação.

Blogs e Flogs

Quando focamos mais a aprendizagem dos alunos do que o ensino, a publicação da produção deles se torna fundamental. Recursos como o portfólio, onde os alunos organizam o que produzem e o disponibilizam para consultas, são cada vez mais utilizados. Os blogs, fotologs e videologs são recursos muito interativos de publicação com possibilidade de fácil atualização e participação de terceiros.

Os blogs, flogs (fotologs ou videologs) são utilizados mais pelos alunos que pelos professores, principalmente como espaço de divulgação pessoal, de mostrar a identidade, onde se misturam narcisismo e exibicionismo (em diversos graus). Atualmente há um uso crescente dos blogs por professores dos vários níveis de ensino, incluindo o universitário. Os blogs permitem a atualização constante da informação pelo professor e pelos alunos, favorecem a construção de projetos e pesquisas individuais e em grupo, a divulgação de trabalhos. Com a crescente utilização de imagens, sons e vídeos, os flogs têm tudo para explodir na educação e integrarem-se com outras ferramentas tecnológicas de gestão pedagógica. As grandes plataformas de educação a distância ainda não descobriram e incorporaram o potencial dos blogs e flogs.

A possibilidade dos alunos se expressarem, tornarem suas idéias e pesquisas visíveis, confere uma dimensão mais significativa aos trabalhos e pesquisas acadêmicos. A Internet possui hoje inúmeros recursos que combinam publicação e interação, através de listas, fóruns, chats, blogs. Existem portais de publicação mediados, onde há algum tipo de controle e existem outros abertos, baseados na colaboração de voluntários. O site www.wikipedia.org/ traz um dos esforços mais notáveis no mundo inteiro de divulgação do conhecimento. Milhares de pessoas contribuem para a elaboração de enciclopédias sobre todos os temas, em várias línguas. Qualquer pessoa pode publicar e editar o que outras pessoas colocaram. Só em português foram divulgados mais de 30 mil artigos na wikipedia. Com todos os problemas envolvidos, a idéia de que o conhecimento pode ser co-produzido e divulgado é revolucionária e nunca antes tinha sido tentada da mesma forma e em grande escala.

A escola em conexão com o mundo

A escola com as redes eletrônicas se abre para o mundo, o aluno e o professor se expõem, divulgam seus projetos e pesquisas, são avaliados por terceiros, positiva e negativamente. A escola contribui para divulgar as melhores práticas, ajudando outras escolas a encontrar seus caminhos. A divulgação hoje faz com que o conhecimento compartilhado acelere as mudanças necessárias, agilize as trocas entre alunos, professores, instituições. A escola sai do seu casulo, do seu mundinho e se torna uma instituição onde a comunidade pode aprender contínua e flexivelmente. Destaco, por exemplo, a importância do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) de Chicago, que disponibiliza todo o conteúdo dos seus cursos em várias línguas, facilitando o acesso de centenas de milhares de alunos e professores a materiais avançados e sistematizados, disponíveis on-line http://www.universiabrasil.net/mit/. Alunos, professores, a escola e a comunidade se beneficiam. Atualmente, a maior parte das teses e dos artigos apresentados em congressos estão publicados na Internet. O estar no virtual não é garantia de qualidade (esse é um problema que dificulta a escolha), mas amplia imensamente as condições de aprender, de acesso, de intercâmbio, de atualização. Tanta informação dá trabalho e nos deixa ansiosos e confusos. Mas é muito melhor do que acontecia antes da Internet, quando só uns poucos privilegiados podiam viajar para o exterior e pesquisar nas grandes bibliotecas especializadas das melhores universidades. Hoje podemos fazer praticamente o mesmo sem sair de casa.

Os professores podem ajudar o aluno incentivando-o a saber perguntar, a enfocar questões importantes, a ter critérios na escolha de sites, de avaliação de páginas, a comparar textos com visões diferentes. Os professores podem focar mais a pesquisa do que dar respostas prontas, ou aulas todas acabadas. Podem propor temas interessantes e caminhar dos níveis mais simples de investigação para os mais complexos; das páginas mais coloridas e estimulantes para as mais abstratas; dos vídeos e narrativas concretas para os contextos mais abrangentes e assim ajudar a desenvolver um pensamento arborescente, com rupturas sucessivas e uma reorganização semântica contínua.

Uma das formas mais interessantes de desenvolver pesquisa em grupo na Internet é o webquest. Trata-se de uma atividade de aprendizagem que aproveita a imensa riqueza de informações que, dia a dia, cresce na Internet. Resolver uma webquest é um processo de aprendizagem atraente, porque envolve pesquisa, leitura, interação, colaboração e criação de um novo produto a partir do material e idéias obtidas. A webquest propicia a socialização da informação: por estar disponível na Internet, pode ser utilizada, compartilhada e até reelaborada por alunos e professores de diferentes partes do mundo. O problema da pesquisa não está na Internet, mas na maior importância que a escola dá ao conteúdo programático do que à pesquisa como eixo fundamental da aprendizagem.

O processo de mudança será mais lento do que muitos imaginam. Iremos mudando aos poucos, tanto no presencial como na educação a distância. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão prontos para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade.

Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender.

Texto adaptado do capítulo 4 do meu livro A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá, da Editora Papirus, p.89-111)

http://www.eca.usp.br/prof/moran/redes_aprendizagem.htm

A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento

Edgar Morin

RESENHA de Lindomar da Silva Araujo

“Nosso verdadeiro estudo é o da condição humana” ( ROUSSEAU, Emílio.)

Em seu primeiro capítulo procura mostrar como ponto principal à inadequação grave entre os saberes separados e fragmentados, e que todo conhecimento fragmentado nos leva a hiperespecialização, impedindo a visão global do conhecimento como um todo. Mostra a complexidade da globalização quando nos diz: “impossível conhecer as parte sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo, sem conhecer as partes”. Para o autor uma inteligência fracionada impossibilita a compreensão e reflexão, não permitindo a capacidade de tratar os problemas mais graves, como se nossa inteligência estivesse atrofiada “cega, inconsciente e irresponsável”, ou seja, não conseguindo ser capaz de ver e agir diante de determinadas situações da vida.

Ele convida-nos a pensar sobre o sistema de ensino, que hoje trabalha separando o conhecimento quando separa suas disciplinas ao invés de integrá-las, impedindo que a mente jovem contextualize os saberes, buscando levar pais e educadores, à uma reflexão sobre a problemática no ensino e nos efeitos de sua fragmentação. Também nos mostra que a mente humana possui como qualidade fundamental, a aptidão de contextualizar e integrar, e que por este motivo, necessitamos sempre desenvolvê-la e estimulá-la, e não deixar que se paralise e atrofie.

Morin mostra apresenta no início desta obra que “a expansão descontrolada do saber”, “a gigantesca proliferação de conhecimentos” e “os conhecimentos fragmentados” levam-nos a refletir sobre a nossa aptidão para a organização do pensamento e com isto, nos apresenta os desafios resultantes destes conceitos: O desafio cultural - O desafio sociológico - O desafio cívico - O desafio dos desafios. E este “o desafio dos desafios” nos mostra que “A reforma do ensino deve levar à reforma do pensamento, e a reforma do pensamento deve levar à reforma do ensino”, onde se entende que não basta pensar é preciso agir, e vice-versa, para então podermos tirar nossa educação do “buraco negro” que continuam imersas as nossas mentes.

Quando vem tratar da especificidade do título, “A cabeça Bem-feita”, Morin se apropria das palavras de Montaigne: “mais vale uma cabeça bem feita que uma cabeça bem cheia”, e explica-nos: uma cabeça bem cheia, significa uma cabeça empilhada de informações e saberes, sem capacidade e aptidão de organização dos pensamentos e saberes, enquanto que uma cabeça bem-feita leva-nos de um modo em geral a um aptidão para tratar os problemas e maior organização permitindo ligar os saberes. Quanto mais desenvolvida é a inteligência geral, maior é a capacidade de tratar problemas especiais, desta forma quando desenvolvemos as aptidões de nossa mente, estamos permitindo também o melhor desenvolvimento de nossas competências. Ao tratar da organização dos conhecimentos, ele nos diz que “uma cabeça bem-feita é uma cabeça apta para organizar os conhecimentos” e conclui que qualquer conhecimento forma um conjunto de símbolos ou signos através de idéias e teorias.

Incentivar o investimento na mentalidade de um novo espírito científico para favorecer a inteligência como um todo, é um dos objetivos deste trabalho apresentado por Morin, acreditar na capacidade de solução dos problemas pela integração do conhecimento. E diz que “a esse novo espírito científico será preciso acrescentar a renovação do espírito da cultura das humanidades”, nos mostrando que precisamos ter uma educação para uma cabeça bem-feita, para que possamos acabar com a divisão das culturas e responder aos desafios da globalidade e da complexidade na vida social, política, cultural, nacional e mundial.

No seu capítulo três, Morin vem abordar a formação de uma cabeça bem-feita diante da complexidade da condição humana, argumentando que não depende apenas das ciências humanas, mas também de todas as outras ciências renovadas, para nos entendermos diante da imensidão inter-galáxias em que vivemos. Pressupondo que somos os únicos seres vivos, na terra, que dispõe de um aparelho neurocerebral hipercomplexo e com linguagem de dupla articulação para comunicar-se, compreende que é pelas astrofísica e microfísica que iremos compreender o nosso duplo enraizamento: no cosmo físico e na esfera viva. Quando nos tornamos conscientes de toda a evolução humana na terra, e a própria existência da terra no sistema solar, incluindo a conscientização da maior expansão no campo das ciências, uma nova consciência nos esclarece da dependência vital que possuímos da biosfera terrestre, fazendo-nos reconhecer nossa muito física e muito biológica identidade terrena.

O ser humano é formado por uma complexidade que abrange tanto o biológico quanto o cultural. “O conceito de homem tem dupla entrada: uma entrada biofísica, uma entrada psicossociocultural; duas entradas que remetem uma a outra”. Para o autor há uma fraca contribuição das ciências humanas na atualidade, por estudar a condição humana de forma fragmentada, escondendo a relação entre o indivíduo/espécie/sociedade, desta forma escondendo o próprio ser humano. Para ele tanto as ciências naturais como as ciências humanas, podem ser mobilizadas e convergidas à condição humana.

Em seu ponto de vista a cultura das humanidades, as Artes, é a fundamental contribuição para a condição humana. A cultura artística ou das humanidades, nos leva a ter um novo olhar sobre o mundo, um olhar estético, mais sensível e subjetivo da realidade. Ele acrescenta que “em toda grande obra de literatura, de cinema, de poesia, de música, de pintura, de escultura, há um pensamento profundo sobre a condição humana”. Expõe a necessidade de se desenvolver “uma ciência do homem”, que articule todas as ciências que possuem a condição humana como objeto de conhecimento. Desta forma gerando uma grande tomada de consciência na era planetária.

É preciso ser parte da condição humana o estar sempre disposto a aprender a viver. Morin argumenta a necessidade de transformar os conhecimentos em seu próprio ser mental, para que desta forma seja gerada a sabedoria, a sapiência. Ele passa a valorar as linguagens artísticas como condição humana, e não apenas privilégio da elite, acreditando na acessibilidade e na navegação pela obra de arte que o sujeito poderá se defrontar consigo mesmo, dialogar com situações e desejos profundos, até então encarcerados nos porões da alma humana, pelos limites de protocolos sociais. “Enfrentar a dificuldade da compreensão humana exigiria o recurso não a ensinamentos separados, mas a uma pedagogia conjunta que agrupasse filósofo, psicólogo, sociólogo, historiador, escritor, que seria conjugada a uma iniciação a lucidez”.

A passagem pelo erro é própria de uma lucidez inicial no campo do conhecimento, pois é pelo erro que se constrói um conhecimento significativo. O aprendizado de auto-observação faz parte do aprendizado da lucidez. “Seria preciso demonstrar que a aprendizagem da compreensão e da lucidez, além de nunca ser concluída, deve ser continuamente recomeçada (regenerada)”.

“Alimentamos com nossas crenças ou nossa fé os mitos ou idéias oriundos de nossas mentes, e esses mitos ou idéias ganham consistência e poder. Não somos apenas possuidores de idéias, mas somos também possuídos por elas, capazes de morrer ou matar por uma idéia”.

Para Morin eria necessária uma noologia (ciência dos fenômenos mentais), para tratar do âmbito do imaginário da condição humana, ou seja, a noosfera. Em se tratando de educação, é importante que o aluno saiba que os homens também são capazes de matar à luz de suas racionalizações, por ser comum achar ser à sombra de suas paixões. Viver exige lucidez e compreensão ao mesmo tempo, e é neste sentido que ele apresenta a filosofia como essencial para a condição humana. Por mais que tenhamos que ser pragmáticos no cotidiano, precisamos nos preencher de qualidade poética em nossa existência, e não nos deixarmos levar somente pela racionalidade crítica e auto-crítica, suportes preciosos da cultura européia. A filosofia busca refletir e interrogar os conhecimentos, a condição humana e os grandes problemas da vida.

Para Edgar Morin é necessário que haja uma aprendizagem cidadã, uma aprendizagem de autoformação do homem, de forma que ele possa se tornar cidadão partindo da idéia de democracia, solidariedade e responsabilidade, fazendo-se necessário situar o homem no universo para que ele perceba-se parte integrante do mesmo. É imprescindível nesse contexto concebermos, ao mesmo tempo, uma identidade terrena e uma identidade humana comum, sendo a primeira uma idéia de que todos nós pertencemos ao mesmo planeta e somos expostos a ameaças ecológicas da biosfera, enquanto que a identidade humana comum, ainda que sejamos diferentes em aspectos socioculturais e geográficos, somos integrantes de uma comunidade terrestre.

Na verdade espera-se com a aprendizagem cidadã, despertar no homem individual e mundial, o sentido de que todos os humanos estão sujeitos às mesmas ameaças mortais e ao mesmo perigo ecológico, que se agrava, provocado pelo aumento da poluição no planeta. Segundo o autor a aliança entre duas barbáries, a da destruição e morte das eras, e a barbárie anônima e fria do mundo técnico-econômico, aliadas à ganância capitalista fazem com que a aprendizagem do sujeito se torne ineficiente. Entretanto, para que se tenha uma aprendizagem cidadã é preciso que se desenvolva no cidadão uma aprendizagem para a autoformação deste cidadão, dando-lhe consciência não só de sujeito, mas de cidadão planetário. A consciência, esta que deve permitir o enraizar, dentro de si, a identidade nacional de forma a torná-lo um cidadão responsável e solidário para consigo e ao outro.

A idéia norteadora desta obra é a de que a compartimentação dos saberes por meio de disciplinas herméticas tende tornar a aprendizagem impossível, e o autor mantém esta centralidade abordando temáticas inerentes ao processo de ensino-aprendizagem. Ele entende que o desafio da globalização dos saberes está no campo da complexidade que compõem os saberes sociais que são inseparáveis. Reformar o pensamento é “pensar bem”, fazendo-se necessário “reformar o pensamento para reformar o ensino e, reformar o ensino para reformar o pensamento”.

Segundo as indicações de Pascal, Morin propõe princípios de que considera impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer, particularmente, as partes. Sendo assim, levando o pensar para além de um conhecimento fragmentado, que por tornar invisíveis as interações entre um todo e suas partes, anula o complexo e oculta os conflitos essenciais que levam para além de um conhecimento que por perceber apenas o global, perde a visão do particular.

Entende-se então, que para que haja uma reforma de pensamento faz-se necessário reorganizar o conhecimento, que permitirá a ligação entre duas grandes finalidades do ensino, que deveriam ser inseparáveis, que são as interrogações sobre o mundo e a vida e vice e versa. Um pensamento que esteja apto a favorecer o senso da responsabilidade e o da cidadania, capaz de não se fechar no local e no particular, mas que permita e conheça os conjuntos.

Morin vai encaminhando o desfecho de sua obra questionando as contradições do ensino, colocando a seguinte frase: “Sociedade, escola, escola, sociedade; quem as educará?” Para que haja uma compreensão além das contradições, se faz necessário à reforma do pensamento diante das complexidades enfrentadas nos diversos desafios que o sujeito encontrará em inúmeras áreas, sejam elas, sociais, econômicas ou políticas. Enfrentar os desafios na era planetária é pensar na complexidade que envolve o homem, seu próximo e seu contexto. Sendo assim, torna-se essencial uma reflexão de si mesmo, conforme o modo de conhecimento subjetivo de indivíduo a indivíduo, podendo chamar de compreensão de si e do outro.

Este princípio da unificação do EU, ao subjetivo eu, redefine neste processo a auto-referência como um processo de subjetividade, podendo, desta forma, dizer que enunciar a qualidade própria a todo o “indivíduo sujeito” não poderia ser reduzida ao egoísmo, ao contrário, permitiria a comunicação e o altruísmo.

Segundo o autor, o EU é um privilégio inaudito e, ao mesmo tempo, a coisa mais comum, portanto, todo mundo pode dizer “eu”. O sujeito oscila entre o egoísmo e o altruísmo, portanto é preciso uma reconstrução das noções da autonomia e dependência e de autoprodução, da perspectiva de um elo decorrente onde estejam, ao mesmo tempo, o produto e os produtos.

Afinal, de que serviriam todos os saberes senão para formar uma configuração que responda a expectativa humana. Nosso desejo e nossas interrogações. De alguma forma, o elo natural que liga todas as “coisas”, desde as mais distantes e as mais diferentes, pode-se considerar impossível conhecer as partes sem conhecer o todo.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

  • O filósofo francês Edgar Morin é presidente da Associação “por um Pensamento Complexo”, em Paris (França), possui um trabalho acadêmico centrado na questão da complexidade. Na obra, A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. o autor focaliza a complexidade no ensino e na educação, propondo uma reformulação de paradigmas educacionais de forma que os alunos sejam encorajados ao autodidatismo, para então se fazerem sujeitos de “cabeças bem-feitas”.

https://docs.google.com/Doc?id=dc95xv2v_197ft99w6gq

Fonte: http://professorlindomar.blogspot.com

A cabeça bem-feita Morin

"A Cabeça Bem-feita: Repensar a Reforma Reformar o Pensamento"

Edgar Morin

Resumo Expandido por Cynthia Moleta Cominesi

No prefácio da obra "A cabeça bem-feita: repensar a reforma reformar o pensamento" de Edgar Morin (2006), o autor explica que o amadurecimento da idéia para o livro levou em torno de 10 anos. Ele sentia e verificava cada vez mais a necessidade de uma reforma no pensamento, que no ponto de vista dele só seria/será possível a partir de uma reforma no ensino.

Durante este amadurecimento, um dos conceitos chaves para Morin é o da complexidade, e além disto, um dos pontos mais marcantes no pensamento de Edgar é de que só através da educação, aquela que vai além da mera transmissão de conceitos, mas que também nos ajuda a compreender a nossa condição, somente através dela é que alcançaremos a felicidade, ou como ele diz, "viver a parte poética de nossas vidas." (p. 11).

Verifica-se que toda a discussão de Edgar Morin, seja no livro "Cabeça bem-feita" ou no "Os Sete saberes necessários à educação do futuro" (MORIN, 2006) é em torno da reforma do ensino para a educação do século XXI e além disso, fica claro que esta educação está baseada numa necessidade da hominização do ser humano, ou seja, a educação do futuro necessita sim resgatar o que é o ser humano e quais a qualidades,características, ações que lhes confere esta condição.

No primeiro capítulo do livro denominado "Os desafios", o autor coloca a questão da hiperespecialização que segundo ele, "impede de ver o global (...) bem como o essencial (...)" (p. 13) uma vez que com a hiperespecialização os problemas são estudados cada vez mais isolados, mais específicos e particulares. Assim deixamos de analisar as influências que estes problemas sofrem exteriormente, ou quais são as relações que foram deixadas de lado com a particularização do mesmo. Deste modo, o problema fica isolado, mas não solucionado, não alisado corretamente. E aqui entra a tal da complexidade que Edgar Morin considera tal importante, aliás, a falta dela na análise dos problemas estudados tão particularmente.

Com os especialistas deixamos de ver o todo e as relações existentes neste todo, assim a visão e a razão que fomos desenvolvendo tornou-se fragmentada, como ele mesmo diz, criou-se verdades ilusórias, não reais. Precisamos voltar-nos para a complexidade, entendermos os sistemas, ou melhor, ter um olhar sistêmico do nosso mundo, e o que seria isto, cada sistema é formado por subsistemas que interagem e se inter-relacionam. Se não for dessa maneira, se continuarmos com nossos olhares especialistas, Edgar Morin coloca que:

(...) quanto mais os problemas se tornam multidimensionais, maior a incapacidade de pensar sua multidimensionalidade; quanto mais a crise progride mais progride a incapacidade de pensar a crise; quanto mais planetários tornam-se os problemas, mais impensáveis eles se tornam (p. 15).

Ainda, para o autor, a contextualização é uma importante ferramenta no aumento do conhecimento, pois a partir do momento em que todos os campos dos saberes estão relacionados podemos ver diferentes faces do mesmo problema, e que todas estas faces interagem e têm suas parcelas de culpa na geração do problema ou são nelas que os problemas atuam.

Edgar Morin afirma:

Devemos, pois, pensar o problema do ensino, considerando, por um lado, os efeitos cada vez mais graves da compartimentação dos saberes e da incapacidade de articulá-los, uns aos outros; por outro lado, considerando a aptidão para contextualizar e integrar é uma qualidade fundamental da mente humana, que precisa ser desenvolvida, e não atrofiada ". (p. 16). Um dos pontos principais do livro está em torno da questão do que é a CABEÇA BEM-FEITA. Para o autor, uma cabeça bem-feita é aquela em "vez de acumular o saber precisa dispor ao mesmo tempo de: - uma aptidão geral para colocar e tratar os problemas; - princípios organizadores que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido". (p. 21).

No terceiro capítulo do livro denominado de "A condição humana" o autor enfatiza a importância de sabermos, enquanto seres terrestres, a nossa verdadeira condição, de onde viemos, qual é o nosso local no universo, como foi o surgimento da vida, para onde vamos, o que podemos enfrentar no futuro, etc. Morin ainda aponta a Cosmologia, Ciências da Terra, Biologia, Ecologia como as ciências capazes de "situar a dupla condição humana: natural e metanautral." (p. 37). E é claro, sempre reforçando o fato da grande complexidade que é o ser humano, totalmente biológico e totalmente cultural. No capítulo seguinte "Aprender a viver", Morin coloca a ética como a questão mais relevante. A ética da compreensão humana. Morin nos mostra o cenário muito triste em que vivemos atualmente, onde há uma incompreensão generalizada entre todas as esferas da sociedade, entre estranhos e entre conhecidos, entre pais e filhos, entre professores e alunos, etc. Para a solução deste grave problema o autor propõe estudos interdisciplinares que aliassem a pedagogia, filosofia, psicologia, sociologia, historia, que segundo ele serviriam para trazer a lucidez e a compreensão de que todos somos humanos e assim também temos mecanismos de egocentrismos e de auto-justificação, através da percepção disto seria mais fácil trabalhar contra o ódio e o racismo, por exemplo.

No capítulo cinco "Enfrentar a incerteza"... primeiro ponto e o mais importante, precisamos aceitar o destino incerto de cada um e de toda humanidade. Edgar Morin vai além e aponta três princípios de incerteza no conhecimento:

O primeiro é cerebral: o conhecimento nunca é reflexo do real, mas sempre tradução e construção, isto é, comporta o risco de erro; - o segundo é físico: o conhecimento dos fatos é sempre tributário da interpretação; - o terceiro é epistemológico: decorre da crise dos fundamentos da certeza, em filosofia (a partir de Nietzsche), depois em ciência (a partir de Bachelard e Popper). (p. 59).

Assim, ele deixa claro que precisamos viver com a incerteza em todos os momentos de nossas vidas, mas, a meu ver isso não significa que não podemos fazer nada diante dos fatos (negativos) com que nos deparamos no dia-a-dia. Devemos sempre pensar para o bem e ao mesmo tempo tentar não enganarmos de alguma forma diante dos fatos. Além disso, precisamos estar atentos ao que ele denominou de "ecologia da ação", ou seja, "toda a ação, uma vez iniciada, entra num jogo de interações e retroações no meio em que é efetuada, que podem desviá-la de seus fins e até levar a um resultado contrário do esperado (...)" (p. 61).

No capítulo seis, "A aprendizagem cidadã", Edgar volta a confirmar a minha idéia de que na atualidade, ou melhor, o mais importante para a educação nos dias atuais é a importância que ela está assumindo no sentido de estar formando cidadãos no sentido mais amplo da palavra. Refiro-me as questões relacionadas ao comportamento humano, há uma imperiosidade de que o homem volte a praticar os atos que lhe conferem o "grau" de ser um humano. O autor menciona a necessidade de atitudes como responsabilidade e solidariedade com a pátria, entretanto está pátria é formada por um Estado, conseqüentemente por uma sociedade/comunidade que também são formadas por seres humanos. Neste contexto, outros dois autores que comentam sobre a crise em que vivemos atualmente é Oliveira (1993, p. 42) quando ele coloca que "... perde-se cada vez mais a dimensão comunitária do ser humano". Segundo ele, este é um dos principais fatores pelo qual a nossa sociedade passa por tal crise. Já Rouanet (1993) afirma que no Brasil e no mundo, o projeto civilizatório da modernidade entrou em colapso.Estamos vivendo, literalmente, num vácuo civilizatório. Há um nome para isso: barbárie. Ou seja, diante deste cenário fica fácil entender a proposta de Edgar quando ele fala em "Aprendizagem cidadã", verifica-se a urgência de que o homem volte a humanizar-se, precisa resgatar atitudes de responsabilidade e solidariedade não só com sua pátria mas principalmente com seus semelhantes.

No sétimo capítulo Edgar explica como seria a Educação de acordo com as propostas mencionadas por ele nos capítulos anteriores do livro, para os três graus de ensino, primário, secundário e Universidade. No primário seria estimulado o questionamento, que nesta época do desenvolvimento do ser humano é natural e, além disso, no meu entendimento, o autor coloca a necessidade de ensinar a importância da contextualização (grifos meus) em todos os sentidos. De onde viemos, para onde vamos, qual foi a trajetória do desenvolvimento do Homo sapiens até os dias atuais e este estudo seria realizado de maneira interdisciplinar, levando em conta psicologia, sociologia, física, química, biologia... No secundário, deveria ser o momento da aprendizagem do que deve ser a verdadeira cultura e é claro, entender a cultura que realmente existe. No ensino universitário, ao contrário do que imaginávamos, Edgar propõe que a Universidade continue com seu papel de conservação, transmissão e enriquecimento do patrimônio cultural, mas o ponto fundamental é que o conteúdo a ser conservado/transmitido seria outro, seria um conhecimento adequado e adaptado às reais necessidades da sociedade, um conhecimento interdisciplinar.

Por fim, nos capítulos seguintes, o autor, explica que a "Reforma do pensamento" não é uma idéia que está surgindo somente agora com seu livro, mas que já tem suas bases na "cultura das humanidades, na literatura e na filosofia, e é preparada nas ciências" (p. 89).

E de que modo seria este pensamento? Para Edgar há necessidade de um pensamento: - que compreenda que o conhecimento das partes depende do conhecimento do todo e que o conhecimento e que o conhecimento do todo depende do conhecimento das partes; - que reconheça e examine os fenômenos multidimensionais, em vez de isolar, de maneira mutiladora, cada uma de suas dimensões; - que reconheça e trate as realidades, que são, concomitantemente solidárias e conflituosas (como a própria democracia, sistema que se alimenta de antagonismos e ao mesmo tempo os regula); - que respeite a diferença, enquanto reconhece a unicidade; (p. 88-89).

A partir deste ponto, a discussão mais interessante que o autor faz é a respeito da inter-poli-transdisciplinariedade. Edgar enfatiza que a interdisciplinaridade não é meramente a união de disciplinas mas cada uma discutindo o "objeto" separadamente. A palavra interdisciplinaridade propõe troca, cooperação que, diga-se de passagem são duas atitudes que também estão ausentes nos seres humanos nos dias atuais. Ou seja, a interdisciplinaridade na verdade propõe uma nova posição/atidude por parte do ser humano, uma atitude humanizada. E aqui voltamos para aquela necessidade da volta ao "o que é ser humano", já discutido anteriormente.

Como considerações finais, identificamos dois pontos fundamentais no pensamento de Morin: a urgência da humanização do homem e a interdisciplinaridade que a meu ver ao mesmo tempo é caminho e fim para se atingir a humanização do homem e a reforma do pensamento. Fica claro que interdisciplinaridade traz em seu bojo os quatro preceitos que Morin menciona sobre o quê é e como seria este novo pensamento, a questão da complexidade e da contextualização. Nela não existe lugar para pré-conceitos, para a descontextualização, para a falta de discussão, para o egocentrismo. E aqui está o grande problema, ou o grande desafio a ser superado, deixarmos o "eu" um pouco de lado e passarmos a utilizar e a viver um pouco mais o "nós" em nossas vidas, na escola, na universidade, no seio de nossas famílias...

Referências Bibliográficas

MORIN, Edgar.

Os sete saberes necessários à educação do futuro. 11 ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2006.

OLIVEIRA, Manfredo Araújo de.

Ética e racionalidade moderna. São Paulo: Loyola, 1993.

ROUANET, S. P.

Mal-estar da modernidade: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/10373/1/A-Cabeca-Bem-feita-Repensar-a-Reforma-Reformar-o-Pensamento/pagina1.html#ixzz13gia45dL

FONTE: http://www.webartigos.com/articles/10373/1/A-Cabeca-Bem-feita-Repensar-a-Reforma-Reformar-o-Pensamento/pagina1.html

Gostou então leia o livro em

http://www.scribd.com/doc/10952147/Edgar-Morin-A-Cabeca-BemFeita

Repensar Morin

"A Cabeça Bem-feita: Repensar a Reforma Reformar o Pensamento"

Edgar Morin

RESUMO

Cabeça Bem-Feita O grande desafio de que o "Cabeça bem-feita" tanto fala diz respeito a umaprática de reforma no pensamento, já que este está repleto de informaçõesfragmentadas, o que impede de ver o global. A especialização em áreas atuantes aumenta cada vez mais no mundo moderno, assim acaba separando a parte do todo, alguns problemas são apontados e deveriam ser pensados dentro do seu contexto para poderem ser solucionados. O reducionismo e o determinismo eliminam a possibilidade de reflexão e resolução de alguns problemas pelo ser humano. Tal situação é conseqüente de um sistema de ensino fragmentado, o qual perde-se conhecimento com tanta informação. A questão relevada no livro é a necessidade de uma escola reformada e ao seu lado um pensamento modificado também com ajuda dos profissionais do ensino e os alunos. A educação torna-se técnica, sem capacidade de aprofundamento para questionar os pontos já transmitidos pelos professores e outros até então nem se quer são colocados em pauta. Desafios para a reforma do pensamento: - Integração entre cultura cientifica e cultura humana. - Pensamento deve integrar informação. Integração das áreas e atividadeseconômicas, sociais, técnicas, políticas.- Perde-se a responsabilidade com a perda da percepção geral, não diz respeito asua área. Essa reforma deve partir do sentido total e consciente de ser cidadão. A educação deveria estar apta a favorecer o senso de cidadania que visa a integração humana. A questão da globalização é importante para entender que ela é geradora de uma imensa separação de saberes e desigualdade humana ao mesmo tempo em que também favorece as relações humanas. Ao entendermos o que é ser cidadão entenderemos que essas desigualdades não favorecem o ideal de pensamento. A responsabilidade de cidadão acarretaria na reforma de pensamento que teria conseqüências existenciais, éticas, cívicas e democráticas. Há efetivamente a necessidade de profissionais do ensino terem um interesse pelo seu aluno, que esteja disposta a acompanhar seu desenvolvimento e aspirações. Só assim o aluno terá a capacidade de ir além daquilo que lhe foi ensinado, se auto questionar e obter uma maior capacidade cultural . Os professores devem estar dispostos a reformar a maneira de ensino, primeiramente transformando sua maneira de pensar junto à instituição e a vontade dos alunos. Deve se enfatizar também a contradição da existência das culturas cientificas e as humanas: a cientifica é reflexo de uma série de processos empíricos e estudos intelectuais, já a humana é um conjunto de práticas culturais presentes nas sociedades. O ser humano não esta só inserido dentro de sua própria natureza, ele é um produto tanto biológico como cultural, um não deve desprezar os outros. A disciplina tende a dividir e especializar o trabalho em diversas ciências. O perigo da hiperespecialização nega o senso de responsabilidade daquele que só está preocupado com a sua área. É indispensável relacionar as áreas de estudos porque às vezes só achamos as soluções esperadas em um conjunto de ciências. A realidade global não deve ser ocultada, as disciplinas devem ser integradas, é preciso distinguí-las e não separá-las. O pensamento deve compreender que o conhecimento das partes depende do conhecimento do todo e que o conhecimento do todo depende das partes.Que reconheça e examine os fenômenos multidimensionais, em vez de isolar, de maneira devastadora,cada uma de suas dimensões.Que respeite a diferença, enquanto reconhece a unicidade. É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une.

http://pt.shvoong.com/humanities/philosophy/1626156-cabe%C3%A7a-bem-feita/

7 Saberes Morin

Os sete saberes necessários

Edgar Morin

Morin afirma que diante dos problemas complexos que as sociedades contemporâneas hoje enfrentam, apenas estudos de caráter inter-poli-transdisciplinar poderiam resultar em análises satisfatórias de tais complexidades:

"Afinal, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas?.”

No livro Os sete saberes necessários à educação do futuro, Morin apresenta o que ele mesmo chama de inspirações para o educador ou os saberes necessários a uma boa prática educacional.

1º Saber - Erro e ilusão

Não afastar o erro do processo de aprendizagem. Integrar o erro ao processo, para que o conhecimento avance.

- A educação deve demonstrar que não há conhecimento sem erro ou ilusão. - Todas as percepções são ao mesmo tempo traduções e reconstruções cerebrais a partir de estímulos ou signos, captados e codificados pelos sentidos. - O conhecimento em forma de palavra, ideia ou teoria, é fruto de uma tradução/reconstrução mediada pela linguagem e pelo pensamento; assim conhece o risco de erro. - O conhecimento enquanto tradução e reconstrução, admite interpretação pelo indivíduo; assim terá a forma de cada um, e conforme cada um vê o mundo. - Não se pode e não se deve separar os sentidos humanos ao conhecimento visto que a afectividade pode asfixiar o conhecimento, mas também fortalecê-lo. - Não há um estado superior da razão que domina a emoção, mas um circuito intelecto «-» afecto que assim contribui para o estabelecimento de comportamentos racionais. - Existe um mundo psíquico independente, onde fermentam necessidades, sonhos, desejos, ideias, imagens, fantasias e este mundo influencia a nossa visão e concepção do mundo. - A racionalidade é o melhor guarda–costas da razão. Com ela nos é permitido distinguir o real do irreal, o objectivo do subjectivo, etc. Mas também a racionalidade para ser racional deve estar aberta a todas as possibilidades de erro - caso contrário passa a ser uma racionalização dos nossos conhecimentos ou seja, o que pensamos estar correcto e ser racional, como não o pomos à prova de erro, torna-se a racionalização desse pensamento, ideia ou teoria. Fecha-se em si mesmo. A racionalidade é aberta - ao contrário da racionalização, que se fecha em si mesma.

2º Saber - O conhecimento pertinente

Juntar as mais variadas áreas de conhecimento, contra a fragmentação. Para que o conhecimento seja pertinente, a educação deverá tornar evidentes:

  • O contexto
  • O global
  • O multidimensional – o ser humano é multidimensional: é biológico, psíquico, social e afectivo. A sociedade contém dimensões históricas, económica, sociológica, religiosa.
  • O complexo – ligação entre a unidade e a multiplicidade.

A educação deve promover uma inteligência geral apta a referir-se ao complexo, ao contexto, de forma multidimensional e numa concepção global. Quanto mais poderosa for a inteligência geral, maior é a sua faculdade de tratar problemas especiais.

  • A antinomia – os progressos do conhecimento estão dispersos, desunidos, devido à especialização que quebra os contextos, as globalidades e as complexidades. Os problemas fundamentais e os problemas globais são evacuados das ciências disciplinares, perdem as suas aptidões naturais tanto para contextualizar os saberes como para integrá-los nos seus conjuntos naturais. A debilitação da percepção do global conduz à debilitação da responsabilidade (cada um só se responsabiliza pela sua tarefa especializada) e à debilitação da solidariedade (já ninguém sente vínculos com os concidadãos).
  • A disjunção e especialização fechada – a hiperespecialização – impede-nos de ver tanto o global como o essencial, e de tratar correctamente os problemas particulares, que só podem ser apresentados e pensados num contexto. A cultura geral incita à busca da contextualização de qualquer ideia; a cultura científica e técnica disciplinar parcela, desune e compartimenta os saberes, tornando cada vez mais difícil a sua contextualização. A divisão das disciplinas impossibilita colher o que está tecido em conjunto – o complexo.
  • A redução e disjunção – o princípio da redução conduz a uma diminuição do conhecimento de um todo, ao conhecimento das suas partes, como se a organização de um todo não produzisse qualidades ou propriedades novas em relação às partes, consideradas separadamente. Conduz à redução do complexo ao simples, à eliminação de tudo aquilo que não seja quantificável nem mensurável. A redução, quando obedece estritamente ao postulado determinista, oculta o risco, a novidade, a intenção.
  • A falsa racionalidade – o século XX viveu sob o reino de uma pseudo racionalidade, que se presumiu ser a única, mas que atrofiou a compreensão, a reflexão e a visão a longo prazo. A sua insuficiência para tratar os problemas mais graves constituiu um dos problemas mais graves para a humanidade.

3º Saber - Ensinar a condição humana

Não somos um algo só. Somos indivíduos mais que culturais - somos psíquicos, físicos, míticos, biológicos, etc.

A educação do futuro deverá ser um ensino primeiro e universal centrado na condição humana. O humano permanece cruelmente dividido, fragmentado, enuncia-se um problema epistemológico e é impossível conceber a unidade complexa do humano por intermédio do pensamento disjuntivo, que concebe a nossa humanidade de maneira insular, por fora do cosmos que o rodeia, da matéria física e do espírito do qual estamos constituídos, nem tão pouco por intermédio do pensamento redutor que reduz a unidade humana a um substrato bio – anatômico. - Enraizamento – desenraizamento - embora enraizados no cosmos e na esfera viva, os humanos desenraizaram-se pela evolução. - Condição cósmica/condição física/condição terrestre/condição humana. Somos ao mesmo tempo seres cósmicos e terrestres. Somos resultado do cosmos, da natureza, da vida, mas devido à nossa própria humanidade, à nossa cultura, à nossa mente, à nossa consciência, tornámo-nos estranhos a este cosmos do qual fazemos parte. Evoluímos para além do mundo físico e vivo. È neste mais alem que se opera o pleno desdobramento da humanidade. - A unidualidade – o homem é um ser plenamente biológico, mas senão dispusesse plenamente da cultura seria um primata do mais baixo nível. O homem só se completa em ser plenamente humano pela e na cultura. Não existe cultura sem cérebro humano, mas não há mente ou seja, capacidade de consciência e de pensamento sem cultura. A mente é uma emergência do cérebro, que suscita cultura, a qual não existiria sem cérebro.Uma outra face da complexidade humana que integra a animalidade na humanidade e a humanidade na animalidade. As relações entre a razão/afecto/impulso não são só complementares, mas também antagonistas admitindo os conflitos entre a impulsividade, o coração e a razão. A racionalidade não dispõe do poder supremo - Individuo/sociedade/espécie – o desenvolvimento verdadeiramente humano significa desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do e do sentido de pertença à espécie humana. A educação do futuro devera velar para que a ideia de unidade da espécie humana não apaguea diversidade e que a diversidade não apague a unidade. Todo o ser humano traz geneticamente em si a espécie humana e implica geneticamente a sua própria singularidade anatómica, fisiológica, todo o ser humano traz em si cerebral, mental, psicológica, afectiva, intelectual subjectivamente caracteres fundamentalmente comuns e ao mesmo tempo, tem as suas singularidades cerebrais, mentais, psicológicas, afectivas, intelectuais, subjectivas. A cultura mantém a identidade humana, no que ela tem de específico: as culturas mantêm as identidades sociais no que elas têm de específico. O ser humano é complexo e traz em si de forma bipolarizada os caracteres antagónicos: racional e delirante; trabalhador e jogador; empírico e imaginário; ecónomo e delapidador; prosaico e poético da mesma maneira a educação deveria mostrar e ilustrar o destino de múltiplas faces do humano: o destino social, o destino histórico, todos os destinos entrelaçados e inseparáveis. Uma das vocações essenciais da educação do futuro será o exame e o estudo da complexidade humana.

4º Saber - Identidade terrena

Saber que a Terra é um pequeno planeta, que precisa ser sustentado a qualquer custo. Idéia da sustentabilidade terra-pátria.

O tesouro da humanidade está na sua diversidade criadora, mas a fonte da sua criatividade está na sua unidade geradora. Com as novas tecnologias o mundo cada vez mais é um todo. Mas de um todo desunificado e desenraizado lado. O crescimento económico de uns gera a miséria noutros: o mundo é um todo, esse todo não respeita nem vê cada um, seja ele Estado ou individuo. O desenvolvimento das ciências trazem-nos progresso mas também regressões, ajuda uns e mata outros. Os grandes desenvolvimentos desenvolveram tudo e esqueceram-se de desenvolver o conceito de cidadania terrestre. Mas há esperança, tem que haver esperança. Esperamos com esperança com os vários contributos das contracorrentes que vão aparecendo por reacção às correntes dominantes; - a contracorrente ecológica, que defende a preservação do planeta que é nosso e por isso mesmo não temos o direito de o destruir e simultaneamente de nos destruirmos com ele; a contracorrente qualitativa – que rejeita a filosofia de “ quanto mais melhor “ e defende a de “ quanto melhor melhor “; a contracorrente à vida utilitária, sem cor; a contracorrente ao consumismo desenfreado; a contracorrente da escravatura ao lucro; a contracorrente pacifista que se opõe à solução armada para resolução dos conflitos.

5º Saber - Enfrentar as incertezas

Princípio da incerteza. Ensinar que a ciência deve trabalhar com a ideia de que existem coisas incertas.

Por muito que o progresso se tenha desenvolvido não nos é possível, nem com as melhores tecnologias, prever o futuro. O futuro continua aberto e imprevisível. O futuro chama-se incerteza. Nada é um dado adquirido, completo e simples, tudo se transforma para a melhor e pior maneira, por isso o homem enfrenta um novo desafio, uma nova aventura que é enfrentar as incertezas, e a educação do futuro deve voltar-se para as incertezas ligadas ao conhecimento.

6º Saber - Ensinar a compreensão

A comunicação humana deve ser voltada para a compreensão. Introduzir a compreensão; compreensão entre departamentos de uma escola, entre alunos e professores, etc.

A comunicação no séc. XXI do planeta é completa, entre faxes, telefone e Internet todos compreendem, mas os progressos para compreender a compreensão são mínimos. Não há nenhuma técnica de comunicação que traga por si mesma a compreensão. Educar para compreender uma dada matéria de uma disciplina é uma coisa, educar para a compreensão humana é outra, esta é a missão espiritual da educação: ensinar a compreensão entre as pessoas como condição garante da solidariedade intelectual e moral da humanidade; humanidade como um todo um todo como pólo individual. Para uma compreensão da humanidade temos que ensinar e aprender com os obstáculos que existem para a compreensão, o egocentrismo e o sociocentrismo, a redução do intelecto humano, a introspecção, o respeito e abertura ao próximo, a tolerância são caminhos que podem afectar positiva e negativamente a compreensão.

7º Saber - Ética do gênero humano

É a antropo-ética: não desejar para os outros, aquilo que não quer para você. A antropo-ética está ancorada em três elementos:

  • Indivíduo
  • Sociedade
  • Espécie

Morin defende a interligação destes três elementos desde O paradigma perdido: a natureza humana.

Na questão prática de aplicar os 7 saberes, a questão fundamental é que o objetivo não é transformá-los em disciplinas, mas sim em diretrizes para ação e para elaboração de propostas e intervenções educacionais.

A concepção complexa do género humano comporta a tríade individuo «-» sociedade «-» espécie, significa desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertença à espécie humana. No seio desta tríade complexa emerge a consciência, logo, uma ética propriamente humana, ou seja, uma antropo – ética que supõe a decisão consciente e esclarecida de assumir a humana condição de individuo «-» sociedade «-» espécie na complexidade do nosso ser, de realizar a humanidade em nós próprios na nossa consciência pessoal, de assumir o destino humano nas suas antinomias e na sua plenitude, é–nos proposto um desafio; trabalhar para a humanização da humanidade; efectuar a dupla condição do planeta – obedecer à vida, guiar a vida; realizar a unidade planetária na diversidade; respeitar ao mesmo tempo no próximo, a diferença e a identidade consigo próprio; desenvolver a ética da solidariedade; da compreensão; ensinar a ética do género humano. A antropo-ética tem assim a esperança na realização da humanidade como consciência e cidadania planetária. Ensinar a democracia – a democracia permite a relação rica e complexa individuo «-» sociedade, onde os indivíduos e a sociedade se podem e devem entre-ajudar, entre–desenvolver, entre-regular e entre-controlar. A soberania do povo cidadão conte ao mesmo tempo a auto-limitação desta soberania pela obediência às leis e a transferência de soberania para os eleitores. A democracia contém ao mesmo tempo a auto – limitação da empresa do Estado pela separação dos poderes, a garantia dos direitos individuais e a protecção da vida privada. A democracia supõe e alimenta a diversidade dos interesses assim como a diversidade das ideias. O respeito da diversidade significa que a democracia não pode ser identificada com a ditadura das maiorias sobre as minorias. A democracia tem ao mesmo tempo necessidade de conflitos de ideias e de opiniões que lhe dão a vitalidade e a produtividade. Assim, exigindo ao mesmo tempo consenso, diversidade e conflitualidade, a democracia é um sistema complexo de organização e de civilização políticas que alimenta e se alimenta da autonomia do espírito dos indivíduos, da sua liberdade de opinião e de expressão, do seu civismo, que alimenta e se alimenta do ideal do ideal Liberdade – Igualdade – Fraternidade que comporta uma conflitualidade criadora entre os seus três termos inseparáveis. As democracias serão cada vez mais confrontadas com um problema, nascido do desenvolvimento das ciências, técnicas e burocracia. Esta enorme máquina não produz apenas conhecimento e elucidação, produz também ignorância e cegueira. Os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só as vantagens da divisão do trabalho, trouxeram também os inconvenientes da super–especialização, do fechamento e do emparcelamento do saber, assim, o cidadão perde o direito ao conhecimento que está acessível só aos peritos de cada uma das áreas.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Morin

Quem é? Edgar Morin

QUEM É EDGAR MORIN

Biografia

Nascido em Paris, filho único de uma família judia sefardi, seu pai, Vidal Nahoum, era um comerciante originário de Salônica. Sua mãe, Luna Beressi, faleceu quando ele tinha 10 anos. Ateu declarado, descreve-se como um neo-marrano). Estudou direito, história, filosofia, sociologia e economia. Em 1942, obteve a licenciatura em direito e em história e geografia.

Em 1941, adere ao Partido Comunista, «num momento em que se sentia, pela primeira vez, que uma força poderia resistir à Alemanha nazista».Entre 1942 e 1944, participou da Resistência, como tenente das forças combatentes francesas, adotando o codinome Morin, que conservaria dali em diante.

Durante a Liberação, é transferido para a Alemanha ocupada, como adido ao Estado Maior do Primeiro Exército Francês na Alemanha, em 1945, e, em 1946, como chefe do departamento de propaganda do governo militar francês. Nessa época, escreve seu primeiro livro, L'An zéro de l’Allemagne ("O Ano Zero na Alemanha"), publicado em 1946, no qual descreve a situação do povo alemão no pós-guerra. O livro foi muito apreciado por Maurice Thorez, que o convida a escrever para a revista Lettres françaises.

A partir de 1949, distancia-se do Partido Comunista, do qual será excluído em 1951, por suas posições antistalinistas. Aconselhado por Georges Friedmann, que conheceu durante a ocupação alemã, e com o apoio de Maurice Merleau-Ponty, de Vladimir Jankélévitch e de Pierre George, entra para o CNRS em 1950. Começa a escrever L'Homme et la Mort ("O Homem e a Morte"), lançado em 1951.

Em 1955, coordena um comitê contra a guerra da Argélia e defende particularmente Messali Hadj, pioneiro da luta anticolonial e um dos próceres da independência da Argélia. Em 1960, funda, na École des hautes études en sciences sociales (EHESS), o Centro de estudos de comunicação de massa (CECMAS), com Georges Friedmann e Roland Barthes, com a intenção de adotar uma abordagem transdisciplinar do tema, e cria a revista Communications. Morin é também fundador da revista Arguments (1957-1963).

Nomeado diretor de pesquisa do CNRS em 1970, será também, entre 1973 e 1989, um dos diretores do Centro de estudos transdisciplinares da EHESS, sucessor do CECMAS.

A principal obra de Edgar Morin é a constituída por seis volumes, "La Méthode" (em português, O Método). Foi escrita durante três décadas e meia. Trata-se de uma das maiores obras de epistemologia disponível. Morin inicia os primeiros escritos de "La Méthode" em 1973, com a publicação do livro "O Paradigma Perdido: a Natureza Humana", uma transformação epistemológica por questionar o fechamendo ideológico e paradigmático das ciências, além de apresentar uma alternativa à concepção de "paradigma" encontrada em Thomas Kuhn. Seu primeiro livro traduzido para o português é O cinema ou o homem imaginário, em 1958.

Tetragrama

Tetragrama organizacional

Qualquer atividade de seres vivos é guiada por uma tetralogia. Envolve relações de:

  • Ordem;
  • Desordem;
  • Interação;
  • (re)Organização.

Isto é o tetragrama organizacional.

Unindo este tetragrama aos operadores de complexidade, temos as bases do pensamento complexo.

Diz Marx: “Qualquer reforma do ensino e da educação começa com a reforma dos educadores.” Esta é uma das citações mais utilizadas por Morin quando trata da questão do pensamento complexo e da reforma dos educadores no processo de criação de uma nova educação. A razão cartesiana impôs um paradigma. Ela nos ensinou a separar a razão da des-razão. Temos que religar tudo o que a ciência cartesiana separou, segundo Morin.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Morin

Você Sabia? Transdisciplinaridade

Qual é a Diferenças entre transdisciplinaridade e interdisciplinaridade

A transdisciplinaridade não significa apenas que as disciplinas colaboram entre si, mas significa também que existe um pensamento organizador que ultrapassa as próprias disciplinas. É diferente de interdisciplinaridade, que exemplificando através de uma analogia, é basicamente como as nações unidas, que simplesmente une para discutir os problemas particulares de cada região. Nisto a transdisciplinaridade é mais integradora. Para haver essa dita transdisciplinaridade, é preciso haver um pensamento organizador, chamado pensamento complexo. Pela criação de um meta ponto de vista e não de um ponto de vista. O verdadeiro problema não é fazer uma adição de conhecimento, é organizar todo o conhecimento.

Portanto,

A transdisciplinaridade não constitui nem uma nova religião, nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem uma ciência das ciências. Assim, a transdisciplinaridade não procura o domínio sobre várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Transdisciplinaridade

Edgar Morin , nascido em Paris, onde cresceu e estudou e construiu uma rica carreira acadêmica, é um dos mais importantes e polêmicos intelectuais europeus, é diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris, é também fundador do Centro de Estudos Transdisciplinares da Escola de Altos Estudos Sociais de Paris, presidente da Agência Européia para a Cultura junto à Unesco, em Paris, e presidente da Associação para o Pensamento Complexo. Em sua obra, que já passa de meia centena de livros, Edgar Morin insiste que a reforma do pensamento é uma necessidade-chave da sociedade.

Visite o site e se quiser há 4 livros dele disponíveis para baixar em seu PC e ler a vontade.

http://colecoesnerds.weebly.com/3/post/2010/01/roda-viva-edgar-morin-18122000.html

Pensador

Edgar Morin, o arquiteto do pensamento

Entrevista a Miguel Pereira

Que invenções importantes o século XX deixou para o século XXI?

Edgar Morin (80 a)- Creio que a primeira é a explosão da genética. Quero dizer, o avanço da biologia genética e a inacreditável possibilidade de manipulação da vida e da própria vida humana em particular, como estamos já testemunhando. Nas últimas quatro ou cinco décadas, a biogenética praticamente decifrou quase todos os códigos da vida.

Estamos, portanto, diante de algo revolucionário tanto para o bem como para o mal.

A segunda invenção é a multimídia e suas possibilidades avassaladoras. A internet, por exemplo, que nos possibilita a todos de estarmos juntos, embora separados espacialmente. O fax, a imagem cinematográfica, o vídeo, o computador e a linguagem digital. Enfim, aspectos da revolução da informática que acabam se ligando à revolução genética. Certas informações e pesquisas genéticas só são possíveis hoje devido à informatização. São, portanto, invenções complementares.

http://publique.rdc.puc-rio.br/revistaalceu/media/alceu_n3_MiguelPereira.pdf

Pertencimento

É possível atribuir um pertencimento particular e unitário a Edgar Morin?

(Maria da Conceição de Almeida)

Certamente não. Licenciado em História, Geografia e Direito, ele é mais propriamente, como por vezes anuncia, um contrabandista de saberes, um artesão sem patente registrada, porque transita livremente por entre as arbitrárias divisões, entre as ciências da vida, do mundo físico e do homem.

Quer rejuntar o que o pensamento fragmentado da super-especialização disciplinar fraturou e somando a isso as circunstâncias sociais, familiares e políticas que delinearam seu caminho intelectual.

Morin é um pensador inclassificável, múltiplo, um eterno estudante. Um intelectual que o jornal La libre Belgique chamou de um humanista sem fronteiras. Um intelectual que politiza o conhecimento.

Ele é um homem que não se esconde nas palavras, mas que se expõe perigosamente por meio delas. Para ele, o pensamento é um combate, com e contra as palavras.

http://www.ihu.unisinos.br/uploads/publicacoes/edicoes/1163186600.42pdf.pdf

Sobre Vestibular / Papo Legal

Papo Legal X Questões que merecem respostas:

Por Lia Settim com Claudia Caveagna Presotto

1.- Quais são as principais dúvidas e aflições dos jovens que vão prestar vestibular?

As dúvidas são várias e as aflições também. Os jovens que estão prestes a prestar vestibular têm que lidar com inúmeros questionamentos com os quais ficam inseguros, por mais que haja apoio familiar. Todo processo de mudança é o rompimento do que chamamos de “zona de conforto”. As cobranças da sociedade, o medo do insucesso, de não passar no vestibular, de escolher a profissão errada e o fato de os jovens depararem-se com maiores responsabilidades assusta a todos.

2. Como lidar com cada uma dessas dúvidas e aflições?

Uma das formas é fazer com que o aluno entenda os conteúdos cobrados no vestibular e não os decore. Isso gera maior autoconfiança na hora da prova e, como diz o grande escritor Edgar Morin, uma cabeça bem-feita é diferente de uma cabeça bem-cheia, ou seja, um saber bem compreendido fará com que o jovem saiba lidar com qualquer questão.

Também é importante que ele estabeleça metas e saiba aonde quer chegar, pois cerca de 60% dos alunos universitários desistem dos cursos pela falta de autoconhecimento e informações acerca das profissões. Por isso, é importante que o aluno faça pesquisas, visite universidades, assista a palestras e converse com profissionais de áreas diversas para que possa, dentro de um projeto de vida, amadurecer conceitos que farão a diferença na hora da escolha, do vestibular, na vida universitária e na carreira profissional.

Acima disso tudo, é fundamental que a família esteja sempre presente, apoiando o jovem e proporcionando informações e experiências que lhe tragam conhecimento e segurança nesta fase delicada.

3. Qual é o erro mais comum que os alunos cometem nesta fase?

Um dos erros comuns entre os vestibulandos é a escolha do curso pelo número de candidatos por vaga, ou seja, a “necessidade” de passar no vestibular faz com que muitos jovens abram mão do curso de que gostariam de fazer para escolher outros menos concorridos e que facilitem a sua entrada nas universidades.

Outro erro bastante comum é a escolha de cursos concorridíssimos como a medicina, por exemplo, sem que o jovem se prepare para um vestibular difícil ou ainda que não tenha condição financeira para se manter durante o período de ensino.

Por isso, volto a dizer sobre a necessidade do acompanhamento familiar e a orientação dos educadores do colégio para que o aluno tome decisões de forma consciente e segura.

4. É realmente necessário o jovem ficar tão ansioso para passar no vestibular logo no fim do ensino médio?

Eu diria que esta ansiedade não é algo escolhido pelos vestibulandos, muito pelo contrário, é algo que muitos gostariam de não sentir, pois o estado emocional atrapalha o desempenho escolar e a realização das provas dos vestibulares.

Para isso, é importante que ele descubra como controlar sua ansiedade, seja através de exercícios, técnicas, etc. Além disso, o projeto de vida de cada um deve ser respeitado.

Por isso, aquele que não se sente realmente preparado para ingressar na faculdade logo após a conclusão do ensino médio deve pensar que todos os anos novas vagas estão disponíveis e sempre há uma “segunda chance”.

5. A quais tipos de ajuda o aluno pode recorrer se estiver indeciso quanto a profissão?

Neste caso, o aluno deve pesquisar e conversar com pessoas mais experientes que poderão lhe servir como referências no desenvolvimento de sua identidade profissional. Além disso, deve procurar pelo SOE – Serviço de Orientação Educacional- do colégio onde estuda para ser orientado e encaminhado quando necessário.

O jovem também deve conversar bastante com seus pais para ajudá-lo na construção de um projeto de vida bem estruturado e que possa ser concretizado.

6. Como o aluno pode conhecer as faculdades que oferecem o curso escolhido? É importante visitar o campus? Conversar com alunos da faculdade?

Algumas universidades promovem programas através dos quais abrem suas portas para os alunos conhecerem os campi com visitas monitoradas. Outras faculdades também disponibilizam seus coordenadores para que o aluno possa conhecer a proposta e aplicação do curso. No site de cada uma delas há informações a respeito.

As visitas aos campi são de suma importância para a experiência dos jovens, pois a realidade da vida universitária só pode ser sentida através da vivência. Muitos ficam bastante surpresos com a diferença do espaço escolar com o universitário. Além disso, ainda têm a oportunidade de conversar e trocar “figurinhas” com alunos da faculdade.

7. É recomendado fazer cursinho e o terceiro ano ao mesmo tempo?

Depende do projeto de vida do aluno, da concorrência de seu curso, pois ele pode correr o risco de não fazer nem uma coisa e nem outra bem feita já que o último ano do ensino médio é bastante denso em termos de revisão de conteúdos e preparo para os vestibulares.

Os subsídios para a aprovação nos vestibulares é oferecido em praticamente todas as escolas privadas, depende do aluno aproveitar o tempo e este conhecimento para investir em seu ingresso nas faculdades.

http://www.ligadonafacul.com.br/papodeprofissional/542-ta_na_hora_do_vestibular.html