segunda-feira, 31 de maio de 2010

Tecnologia da Informação Versus Redação

Profissionais de TI também precisam de conhecimentos de Redação

Ter um texto claro, correto e objetivo é um diferencial na área de Tecnologia da Informação (TI), setor em que um grande número de profissionais não domina o Português. Quem acredita que saber redigir não tem a menor importância, quando se trata de um setor tão técnico, e que saber expressar-se com clareza é preocupação apenas de vestibulandos e "concurseiros", é bom ficar atento. Veja mais detalhes nesta matéria publicada pela Revista TI, especializada para assuntos de Tecnologia.

O que você acha que precisa saber para se dar bem no mercado de tecnologia? JavaScript, ERP, ASP, redes? Pois inclua nessa lista uma linguagem, ou melhor, língua que anda em baixa entre profissionais de TI: a portuguesa. Acreditar que nunca vai precisar ter um texto claro, ou que erros de concordância não têm o poder de prejudicar sua carreira é o pensamento da maioria. Você pode ser diferente da maioria.

De acordo com o diretor de serviços educacionais da Sun Microsystems, Francisco Paletta, apesar de os conhecimentos técnicos serem primordiais para um profissional de informática, ele tem que ser capaz de verbalizar suas idéias para os outros departamentos da empresa em que trabalha. "Se tiver de elaborar um plano de ação para uma solução de software, por exemplo, você vai precisar interagir com a equipe técnica, que muitas vezes não consegue ser clara nos seus relatórios e planos" – declara.

O executivo reforça a idéia citando o exemplo da própria Sun: "Eu gerencio uma equipe de 20 técnicos. São profissionais brilhantes, conseguem soluções para os problemas mais complexos. Mas, quando precisam escrever algo como um plano de trabalho ou uma carta de apresentação, é incrível a dificuldade que eles têm."

Para Paletta, um grande problema é o hábito de usar palavras e conceitos altamente técnicos para resumir informações. O resultado é uma salada de jargões compreensíveis apenas para quem é da área. "Ele acha que as mensagens que está transmitindo são de domínio universal, quando, na verdade, elas precisam ser traduzidas para os leigos", diz.

Os leigos que interessam, nesse caso, são os clientes da empresa. A falta de preocupação com um texto mais mercadológico, que venda uma idéia, é outra carência dos profissionais de TI, na visão de Paletta. "É claro que você não pode se descuidar da parte técnica. Existem propostas e planos de ação maravilhosos, super bem-elaborados, mas que não têm uma boa idéia por trás, são só marqueteiros. Mas você tem que saber também tornar a sua idéia atraente. Todo tempo, 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano, você está vendendo alguma coisa: sua idéia, sua empresa, você mesmo".

Redação eliminatória

Quem ainda duvida de que um texto “truncado” possa interferir na carreira de um profissional técnico é porque não conhece o método de seleção da MLab. A diretora de Recursos Humanos da produtora, Beatriz Fortes, conta que os candidatos à área de planejamento de projetos e consultoria de tecnologia passam por uma fase eliminatória de redação. Para os outros setores, a redação também faz parte do processo seletivo, mas tem um peso menor.

"Para trabalhar na MLab, você tem que saber escrever sobre o que pensa. O maior problema não é com a ortografia (porque há o corretor do Word para isso), mas com a estrutura da língua, a clareza de idéias e a concordância. Aqui, só os erros de ortografia são perdoados. Quem tem problemas de concordância e principalmente de clareza não entra", afirma, taxativa.

Doutora em Língua Portuguesa, Beatriz Fortes afirma ter ficado aflita quando entrou nesse mercado e constatou a falta de domínio da língua entre os profissionais. Antes de fundar a MLab, ela dava aulas de redação para executivos. "Os cursos se chamavam “discurso na empresa” ou algo assim. Um nome mais bonito para eles não acharem que estavam tendo aula de Português.

Uma história parecida com o programa de seleção da MLab foi vivida por Sílvio Reis, coordenador acadêmico do TI Master. Na época em que trabalhava em um provedor de acesso, ele aplicou uma redação para um grupo de dez candidatos a suporte técnico da empresa. "Ninguém foi aprovado. Alguns até reclamaram quando souberam do tipo de prova, argumentando que tinham ido ali para trabalhar na área tecnológica, e não para ficar escrevendo" – conta Reis.

http://www.redacaocriativa.com/profissionais-de-ti-tambem-precisam-de-conhecimentos-de-redacao.html

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