terça-feira, 7 de agosto de 2012

Arte no Iskam

AS ARTES NO ISLAM

ARTE E CALIGRAFIA

Através dos tempos, as religiões, de um modo geral, fizeram uso de imagens figurativas para transmitir a essência de suas convicções. Para o Islam, no entanto, essa arte figurativa assume aspectos de idolatria, motivo porque ele se utilizou de palavras ou letras, em formas e tamanhos diversos, para a transmissão de seus princípios religiosos. Os muçulmanos passaram a usar a arte da caligrafia como expressão religiosa, e, no decorrer do tempo, a arte da escrita tornou-se uma arte muito respeitada.
Segundo o sábio muçulmano Yasin Hamid Safadi, "a supremacia da palavra no Islam está refletida na aplicação universal da caligrafia. Escrever imprime as características de lugar a todas as espécies de objetos - objetos de uso cotidiano, assim como a superfície de paredes inteiras, mobiliário das mesquitas, o exterior e interior das mesquitas, dos túmulos e da Caaba, o mais famoso santuário islâmico. "
A caligrafia arábica foi a forma primeira de arte da expressão visual e da criatividade islâmica. Através da vasta geografia do mundo islâmico, a caligrafia é um símbolo que representa unidade, beleza e poder. Os princípios estéticos da caligrafia são um reflexo dos valores culturais do mundo muçulmano. Uma investigação minuciosa das diferenças estéticas entre a caligrafia árabe e não árabe poderia fornecer um caminho para a compreensão do espírito essencial de cada cultura.
O alfabeto arábico alcançou um elevado nível de sofisticação. Uma construção islâmica pode apresentar inúmeros estilos de escrita em suas paredes, janelas ou minaretes. Muitas das inscrições não se referem necessariamente ao Alcorão, mas, também, aos hadices do profeta, e que estão em sintonia com os objetivos religiosos do prédio. Uma inscrição, por exemplo, pode dar significado à construção, esclarecendo sua função. A história da caligrafia arábica significa a integração da arte com a erudição. Através da beleza abstrata das linhas, a energia flui entre as letras e palavras. Todas as partes estão integradas ao todo. Essas partes incluem espaços positivos e negativos e o fluxo da energia que abre caminho juntamente com a interpretação do calígrafo. A caligrafia arábica não é simplesmente uma forma de arte, mas envolve representações divinas e morais, de onde ela adquire sua reputação sublime. Sua beleza abstrata nem sempre é facil de ser compreendida, mas esta beleza pouco a pouco acaba por se revelar ao olhar perspicaz.

As origens da caligrafia arábrica

De acordo com estudos contemporâneos, a escrita árabica é um ramo das escritas semitas, nas quais as consoantes estão representadas. A escrita arábica desenvolveuse comparativamente em um breve espaço de tempo. O árabe tornou-se um alfabeto muito usado e hoje é o segundo em uso, perdendo somente para o alfabeto romano.
Os árabes eram um povo basicamente nômade. Antes do surgimento do Islam, viviam uma vida dura, mas tinham uma cultura fecunda que se expressava na escrita e na poesia. Bem antes de se tornarem uma nação islâmica, os árabes reconheciam o poder e a beleza das palavras. A poesia, por exemplo, era uma parte essencial da vida cotidiana e as habilidades lingüísticas eram exibidas na literatura e na caligrafia. Os primeiros árabes nutriram um grande apreço pela palavra falada e mas tarde, pela sua forma escrita.
A escrita árabica deriva da nabatéia, que, por sua vez, vem da aramaica. Os nabateus eram árabes semi-nômades que viviam numa área que se extendia desde o Sinai e norte da Arábia, até o sul da Síria. Seu império incluía as cidades de Hijr, Petra e Busra. Embora o império tenha acabado em 105 d.C, sua língua e escrita tiveram profundo impacto sobre o desenvolvimento do alfabeto arábico.
Arqueólogos e linguistas analisaram e estudaram inscrições nabatéias, que representam um estágio de transição mais avançado para o desenvolvimento de caracteres arábicos, como o namarah, do famoso poeta pré-islâmico Imru´al Qays, que data de 328 d.C. Uma outra inscrição, datando do século VI, confirma a derivação da escrita arábica do nabateu e assinala o nascimento de formas escritas arábicas distintas.
Na década de 650 d.C, foram consignadas, por escrito, as primeiras versões completas do Alcorão, numa forma denominada Jazm, que revela uma influência nabatéia. Esta, por sua vez, influenciou, o desenvolvimento da escrita cúfica, de traço vigoroso e angular, que durante séculos se tornou o meio mais popular de recordar o Alcorão sagrado. Simultaneamente, desenvolveram-se outras escritas cursivas com fins burocráticos e privados, e, em meados do século X, já estavam fixadas as seis escritas clássicas da caligrafia islâmica: Thuluth, Naskh, Muhaqqah, Raihani, Tawqi e Riqa.
A escrita do norte da Arábia foi a primeira a ser introduzida e estabelecida na parte nordeste da Arábia. Durante o século V, as tribos nômades árabes, que viviam nas áreas de Hirah e Anbar, usaram esta escrita. Na primeira parte do século VI, a escrita dessa região alcançou Hijaz, na Arábia oriental. Acredita-se que Bishr ibn Abd al-Malik, e seu sogro, Harb ibn Umayyah , tenham introduzido e popularizado o uso deste alfabeto na tribo coraixita do profeta Mohammad, e que foi adotado, com entusiasmo, por outras tribos das cidades vizinhas.
O jazm é o alfabeto arábico mais antigo de que se tem referência. Acredita-se que era uma forma mais avançada do alfabeto nabateu. As letras rígidas, angulares e bem proporcionadas do alfabeto jazm iriam influenciar mais tarde o famoso alfabeto kufi, a escrita cúfica, de uma pequena cidade do Iraque.

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