terça-feira, 7 de agosto de 2012

ARTE ISLÃMICA

A idéia de infinito e a tendência à imaterialidade, reflexos da crença na eternidade, do desprezo pela vida terrena e da vontade de superar os limites do mundo real, nortearam a arte que se desenvolveu em todos os territórios conquistados pelo Islam.
A arte islâmica abrange a literatura, a música, a dança, o teatro e as artes visuais de uma vasta população do Oriente Médio que adotou o islamismo a partir do século VII, em sentido estrito, a arte dos povos islâmicos inclui apenas as manifestações diretamente surgidas da prática religiosa, é comum, no entanto, que o termo abarque todos os gêneros da arte produzida pelos povos muçulmanos, associada ou não à religião.

Artes Visuais

De variedade estilística e virtuosismo técnico extraordinários, a arte visual islâmica é decorativa, colorida e, no caso da religiosa, não figurativa, a decoração islâmica característica é conhecida como arabesco, um ornato que emprega desenhos de flores, folhagens ou frutos, às vezes, animais, esboços de figuras ou padrões geométricos, para produzir um desenho de retas ou curvas entrelaçadas, esse ornamento é empregado tanto na arquitetura quanto na decoração de objetos.
A cerâmica, o vidro, os tecidos, a ilustração de manuscritos e o artesanato em metal ou madeira têm sido de importância fundamental na cultura islâmica, a cerâmica constituiu a mais importante das primeiras artes decorativas dos muçulmanos.
Na decoração da louça de barro esmaltado, a maior contribuição islâmica para a cerâmica, empregam-se compostos metálicos nos esmaltes, que, quando queimados, transformam-se em películas metálicas iridescentes. Outros objetos cuja produção se destacou durante o período dos califados (do século VII ao XI) são o bronze e a madeira entalhada do Egito, os estuques do Iraque e o marfim entalhado da Espanha.
No período seljúcida (do século XI ao XIII), manteve-se a importância da cerâmica, dos tecidos e dos vidros, além disso, objetos utilitários de bronze e latão eram incrustados com prata e cobre e decorados com desenhos complexos.
A ilustração de manuscritos também se tornou uma arte bastante respeitada, e a pintura em miniatura foi a maior e mais característica manifestação artística do período que se seguiu às invasões dos mongóis (1220-1260).
O Islam considera a palavra escrita o meio por excelência da revelação Divina, por essa razão, a arte caligráfica se desenvolveu de forma rica e complexa, empregando uma ampla variedade de elegantes caracteres cursivos. A caligrafia era usada também como importante elemento decorativo na arquitetura e em peças utilitárias.

Tapeçaria

Os mais belos tapetes de toda a história da arte são persas e datam dos séculos XVI e XVII, foram produzidos em Tabriz, Kashan, Herat e Isfahan, na dinastia dos safávidas, feitos de lã, seda e outros materiais, os tapetes persas, a exemplo do que ocorrera séculos antes com os turcos, tiveram grande aceitação no Ocidente.
Os temas são variados, mas predominam cenas de caçada e combate, não raro de origem chinesa. Em Agra, Lahore e algumas cidades da Índia, onde também foram produzidos tapetes de inspiração persa, desenvolveu-se um estilo de ornamentação floral tipicamente indiano e mongol, de temática naturalista.

Literatura

No Islam, a literatura se desenvolveu principalmente em quatro línguas: árabe, persa, turco e urdu, o árabe é de extrema importância como a língua da revelação do Islam e do Alcorão.
A poesia árabe, cujos elementos básicos foram herdados de modelos pré-islâmicos, é monorrima (todas as linhas apresentam a mesma rima) e de métrica complicada (sílabas longas e curtas arranjadas em 16 métricas básicas).
Há três gêneros poéticos principais: o gazel (ghazal), geralmente um poema de amor, que tem de cinco a 12 versos monorrimos; o qasida, um poema de louvação com vinte a mais de cem versos monorrimos; e o qita, uma forma literária empregada para lidar com aspectos da vida cotidiana.
Os persas aperfeiçoaram os gêneros, formas e regras da poesia árabe e adaptaram-nos a sua própria língua, desenvolveram também um novo gênero, o masnavi (composto de uma série de dísticos), empregado na poesia épica, desconhecida dos árabes.
A literatura persa, por sua vez, influenciou tanto a literatura urdu quanto a turca, especialmente no que se refere ao vocabulário e à métrica, a Turquia também tem uma rica tradição de poesia popular.
A literatura islâmica compreende ainda textos em prosa, de cunho literário, didático e popular, o gênero que caracteriza a prosa islâmica é o maqama, em que uma narrativa relativamente simples é contada de maneira complicada e elaborada, com metáforas e jogos de palavras.

1. INTRODUÇÃO

A arte islâmica não é a arte de um país ou de um povo em particular. É a arte de uma civilização, formada por uma combinação de circunstâncias históricas: a conquista do mundo antigo pelos árabes, a unificação sob a bandeira do Islam de um vasto território, que por sua vez, foi invadido por vários grupos de povos estrangeiros. Desde o seu início, a orientação da arte islâmica foi em grande parte determinada por estruturas políticas que desconheceram fronteiras geográficas e sociais. Por essa razão, vamos apresentar um quadro da arte islâmica do ponto de vista das diversas influências que chegaram ao poder, governaram e fragmentaram o império muçulmano original.
A natureza complexa da arte islâmica desenvolveu-se na base de tradições préislâmicas nos vários países conquistados e é uma síntese perfeitamente integrada de tradições árabes, turcas, mongólicas, hindus e persas, manifestando-se em todas as partes do novo império muçulmano.
O elemento árabe é provavelmente em todos os tempos o mais importante. Ele forneceu a base para o desenvolvimento da arte islâmica, através da mensagem do Islam, a língua de seu livo sagrado, o Alcorão, e a forma árabe de escrita. Esta última transformou-se na mais importante característica isolada de toda a arte islâmica, levando ao desenvolvimento de uma infinita variedade de ornamentação abstrata e todo um sistema de abstração linear, peculiar às diversas formas de arte islâmica e podendo, de uma forma ou de outra, e em todas as suas manifestações, ser reconhecida como de origem árabe.
O elemento turco na arte islâmica, consiste principalmente numa tendência nativa à abstração que os povos turcos da Ásia Central aplicaram a qualquer forma de cultura ou arte com que se depararam em sua longa trajetória. Eles criaram uma inconfundível iconografia turca, com base na importante tradição de motivos figurativos e não figurativos, presentes desde a Ásia Oriental até a Ocidenta. A importância do elemento turco na cultura islâmica pode, talvez, ser melhor apreciada levando-se em conta que a maior parte do mundo islâmico foi governada por povos turcos, do século X ao século XIX.
O elemento persa na arte islâmica é talvez mais difícil de definir; parece consistir numa atitude poética, peculiarmente lírica, uma tendência à metafísica, que no domínio da experiência emocional e religiosa, leva a um extraordinário florescimento místico. As principais escolas de pinturas muçulmanas, desenvolveram-se no Irã, tendo por base a literatura persa. Não somente uma iconografia compelta, como também uma imagística específica, abstrata e poética em sua concretização, e sem paralelo em qualquer outra parte do mundo muçulmano, foram criadas no Irã, em fins do século XIV e no século XV.
Muito embora esses três elementos da cultura islâmica sejam por vezes claramente definíveis e distintos, e cada qual contribua mais ou menos, em partes iguais, para o desenvolvimento da arte islâmica, quase sempre se acham tão intimamente entrelaçados e integrados, que não se pode muitas vezes distingui-los com nitidez. Todas as regiões do mundo muçulmano compartilham numerosas características artísticas fundamentais, que tornaram a totalidade do vasto território uma unidade étnica e geográfica supranacional, apenas comparado, na história da cultura humana, por idêntico domínio do MUNDO ANTIGO, por Roma.

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