22 de agosto: Dia do Folclore
Bumba-meu-boi |
O folclore é a tradição e usos populares, constituído pelos costumes e tradições transmitidos de geração em geração.
Todos os povos possuem suas
tradições, crenças e superstições, que se transmitem através das
tradições, lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato,
jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos
característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que
nasceram e se desenvolveram com o povo.
A
UNESCO declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a
identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais,
coletivas ou individuais, e é também uma parte essencial da cultura de
cada nação.
Deve-se lembrar que o folclore
não é um conhecimento cristalizado, embora se enraíze em tradições que
podem ter grande antiguidade, mas transforma-se no contato entre
culturas distintas, nas migrações, e através dos meios de comunicação -
onde se inclui recentemente a internet.
Parte do trabalho cultural da
UNESCO é orientar as comunidades no sentido de bem administrar sua
herança folclórica, sabendo que o progresso e as mudanças que ele
provoca podem tanto enriquecer uma cultura como destruí-la para sempre.
Irmãos Grimm |
O interesse pelo folclore nasceu entre o fim do século XVIII e o início do século XIX, quando estudiosos como os Irmãos Grimm
e Herder iniciaram pesquisas sobre a poesia tradicional na Alemanha e
"descobriu-se" a cultura popular como oposta à cultura erudita cultivada
pelas elites e pelas instituições oficiais. Logo esse
interesse se espalhou por outros países e se ampliou para o estudo de
outras formas literárias, músicas, práticas religiosas e outros fatos
chamados na época de "antiguidades populares". Neste início de
sistematização os pesquisadores procuravam abordar a cultura popular
através de métodos aplicados ao estudo da cultura erudita.
O termo folclore (folklore)
é um neologismo que foi criado em 1846 pelo arqueólogo Ambrose Merton -
pseudônimo de William John Thoms - e usado em uma carta endereçada à
revista The Athenaeum, de Londres, onde os vocábulos da língua
inglesa folk e lore (povo e saber) foram unidos, passando a ter o
significado de saber tradicional de um povo. Esse termo
passou a ser utilizado então para se referir às tradições, costumes e
superstições das classes populares. Posteriormente, o termo passou a
designar toda a cultura nascida principalmente nessas classes, dando ao folclore o status de história não escrita de um povo. Mesmo
que o avanço da ciência e da tecnologia tenha levado ao descrédito
muitas dessas tradições populares, a influência do pensamento
positivista do século XIX contribuiu para dignificá-las, entendendo-as como elos em uma cadeia ininterrupta de saberes que deveria ser compreendida para se entender a sociedade moderna.
Assim, com a conscientização de que a cultura popular poderia
desaparecer devido ao novo modo de vida urbano, seu estudo se
generalizou, ao mesmo tempo em que ela passou a ser usada como elemento
principal em obras artísticas, despertando o sentimento nacionalista dos
povos.
Depois de iniciar e frutificar
na Europa, o estudo do folclore se estendeu ao Novo Mundo, chegando ao
Brasil na segunda metade do século XIX através dos precursores Celso de
Magalhães e Sílvio Romero, e aos Estados Unidos, onde William Wells
Newell, Mark Twain, Rutherford Hayes e um grupo de outros eruditos e
interessados fundaram em 1888 a American Folklore Society, que de imediato iniciou a publicação de um jornal que continua em atividade até hoje, o Journal of American Folklore.
A contribuição dos folcloristas norte-americanos foi especialmente
importante porque desde logo suas pesquisas foram apoiadas pelas
universidades e adquiriram autonomia, definindo novas fronteiras
metodológicas e lançando as bases para a fundação do folclorismo como
uma nova especialidade científica, paralela à Antropologia.
Atualmente o folclorismo está bem estabelecido e é reconhecido como uma ciência,
a ponto de tornar seu objeto, a cultura popular ou folclore,
instrumento de educação nas escolas e um bem protegido genericamente
pela UNESCO e especificamente por muitos países, que inseriram muitos de
seus elementos constituintes em seus elencos de bens de patrimônio
histórico e artístico a serem protegidos e fomentados.
Considera-se hoje o folclorismo
um ramo das Ciências Sociais e Humanas, e seu estudo deve ser feito de
acordo com a metodologia própria dessas ciências. Como parte da cultura
de uma nação, o folclore deve ter o mesmo direito de acesso aos
incentivos públicos e privados concedidos às outras manifestações
culturais e científicas. Segundo Von Gennep, "o
folclore não é, como se pensa, uma simples coleção de fatos
disparatados e mais ou menos curiosos e divertidos; é uma ciência
sintética que se ocupa especialmente dos camponeses e da vida rural e
daquilo que ainda subsiste de tradicional nos meios industriais e
urbanos. O folclore liga-se, assim, à economia política, à
história das instituições, à do direito, à da arte, à tecnologia, etc,
sem entretanto confundir-se com estas disciplinas que estudam os fatos
em si mesmos de preferência à sua reação sobre os meios nos quais
evoluem".
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