terça-feira, 7 de agosto de 2012

Arte Islamica

Instrumentos de escrita
Os instrumentos típicos do ofício de calígrafo incluiam penas de junco e pincéis, tesouras, uma faca para cortar as penas, um tinteiro e um apontador. A pena de jundo, segundo Safadi, era a preferida pelos calígrafos islâmicos. Esta pena, chamada de cálamo, ainda é um instrumento importantíssimo para o verdadeiro calígrafo.
Os juncos mais procurados eram oriundos das terras costeiras do Golfo Pérsico. Os cálamos eram objetos valiosos e foram comercializados por todo o mundo muçulmano. Um escriba versátil precisava de diferentes cálamos, a fim de alcançar os diferentes graus de delicadeza. Moldar um junco exigia do escriba habilidades excepcionais. Além disso, tinham um conhecimento meticuloso de como identificar a melhor vareta que fosse adequada para ser uma boa pena, como aparar as pontas e como cortar as varetas exatamente no centro, a fim de que o corte tivesse metades iguais.
Uma boa pena era cuidadosamente guardada e, algumas vezes, passava de uma geração a outra. Outras vezes, ela era enterrada com o calígrafo quando ele morria. Eram usadas tintas de muitas cores, incluindo o preto, o marrom, o amarelo, o vermelho, o azul, o branco, a prata e o ouro.
O preto e o marrom eram as cores mais frequentemente usadas, porque sua intensidade e consistência podiam variar enormente. Muito calígrafos davam instruções de como preparar a tinha, mas muitos guardavam em segredo suas receitas. A tinha feita pelos persas, hindus e turcos conservavam seu frescor por um tempo considerável.
A preparação da tinha levava muitos dias e envolvia complicados processos químicos. Por causa de seu poder de preservar o conhecimento e levá-lo a todo os recantos do mundo, a tinta era comparada com a água e o calígrafo como uma pena nas mãos de Deus.
O papel foi introduzido em 751 d.C, vindo da China para Samarcanda. Este foi o marco decisivo na arte da escrita e desempenhou papel importantíssimo nas inúmeras invenções subsequentes e que reformariam a caligrafia arábica. Este novo meio de comunicação escrita teve um impacto decisivo sobre todos os aspectos da civilização islâmica.
O papel era feito de algodão e, algumas vezes, de seda ou outras fibras, mas não de madeira. Ele era polido com uma pedra lisa, como a ágata ou o jade antes que o calígrafo começasse a escrever. Linhas de orientação quase invisíveis eram traçadas com uma ponta e as letras ficavam sobre essas linhas.
Uma vez pronta, a composição caligráfica podia ser copiada de tempos em tempos pelos mestres dos mais diferentes lugares, tão distantes quanto a Índia ou Istanbul. Como em muitas artes tradicionais, dava-se menos importância às inovações e mais à imitação dos grandes mestres, tanto contemporâneos quanto os antigos. Apesar disso, alguns mestres foram notáveis inovadores.

Exemplos de caligrafia

Caligrafia Islâmica
De todos os elementos da arte islâmica o mais importante é a religião. A multidão de pequenos impérios e reinos que tinham adotado o Islamismo sentiu-se - apesar de orgulhos e ciúmes - antes e sobretudo muçulmana, e não árabe, turca ou persa. Todos sabiam, falavam e escreviam de forma regular o árabe, a língua do Alcorão. A caligrafia é a suprema das artes islâmicas, e a expressão mais típica do espírito muçulmano. "O teu Senhor - declara a primeira revelação - ... ensinou com o cálamo, ensinou ao homem o que ele não conhecia."
Além disso, como Deus falou em árabe, por intermédio do anjo Gabriel, e as suas palavras foram escritas, pela primeira vez em árabe, a língua e a escrita árabes foram consideradas como tesouro inestimável por todos os muçulmanos. Só entendendo-as os homens poderiam esperar compreender o pensamento de Deus. Não podiam ter uma missão mais importante que a de conservar e transmitir tesouro tão precioso; e os muçulmanos demonstraram a sua gratidão, fazendo-o com toda a arte de que foram capazes.

A escrita naskh

Foi uma das primeiras a evoluir. Ganhou popularidade depois de ser redesenhada pelo famoso calígrafo Ibn Muqlah, no século X. O seu sistema abrangente de proporção deu à escrita naskh um estilo bem característico. Mais tarde, ela foi reformulada por Ibn al-Bawaab e outros, que a transformaram numa escrita digna do Alcorão - muitos exemplares do Alcorão foram escritos em naskh, mais do que qualquer outro tipo de escrita. Tendo em vista que é relativamente fácil de ler e de escrever, a escrita naskh teve grande aceitação por parte da população em geral.
A escrita naskh é normalmente feita com traços pequenos horizontais e as curvas são cheias e profundas, os traços retos e verticais e as palavras geralmente bem espaçadas. Atualmente, a naskh é considerada a escrita suprema para quase todos os muçulmanos e árabes em todo o mundo.

A escrita kufi

A escrita kufi (cúfica) foi a escrita sagrada dominante nos primórdios do Islam. Ela foi criada após o estabelecimento das duas cidades muçulmanas de Basra e Kufa, na segunda década da era islâmica (século VIII). Tinha medidas proporcionais específicas, juntamente com uma angulosidade e linhas quadradas bem pronunciadas. Tornou-se conhecida como a escrita kufi. Essa escrita exerceu um profundo efeito em toda a caligrafia islâmica. Em contraste com as linhas verticais, a escrita kufi tem linhas horizontais que são prolongadas. É uma escrita consideravelmente mais larga do que alta. Ela foi escolhida para ser usada em superfícies oblongas. Com sua construção geométrica, a escrita kufi podia ser adaptada em qualquer espaço e material, desde os pequenos quadrados de seda até os monumentos arquitetônicos deixados por Timur (Tamerlão), em Samarcanda.
Como a escrita kufi não se sujeitava a regras rígidas, os calígrafos a empregaram sem qualquer esquema de concepção ou execução para as suas formas ornamentais. A escrita assumiu diversas formas, ora com um fundo floral, com desenhos geométricos, ou formas geométricas interligadas, inclusive círculos, quadrados e triângulos - formando palavras, etc. Essas versões foram aplicadas a superfícies de objetos arquitetônicos, incluindo superfície de estuque, madeira,metal, vidro, mármore, têxteis, etc.

A escrita thuluth

Foi a primeira escrita formulada no século VII, durante o califado omíada, mas só se desenvolveu completamente no final do século IX. Embora muito raramente tenha sido usada para escrever o Alcorão, a escrita thuluth gozou de enorme popularidade como uma escrita ornamental e foi muito usada para as inscrições caligráficas, títulos, cabeçalhos, etc. É ainda a mais importante de todas as escritas ornamentais.
Ela se caracteriza pelas letras curvas, apresentando pequenos traços, como farpas, na parte de cima das letras. As letras são ligadas e algumas vezes entrecortadas, produzindo, assim, uma fluência cursiva de grandes e complexas proporções. A escrita thuluth é conhecida por seus traços elaborados e por sua incrível plasticidade. Surata Al-Fatiha, em escrita Thuluth, tinta, guache e ouro sobre papel.

A escrita riq´ah

A escrita riqa, também chamada de ruq´ah, evoluiu das escritas naskh e thuluth. Ainda que tenha uma afinidade maior com a escrita thuluth, a escrita riqa tomou uma direção diferente, ficando mais simplificada. As formas geométricas das letras são semelhantes às da thuluth, porém são menores e com mais curvas. Ela é arredondada e estruturada de uma forma mais densa, com pequenos traços horizontais.
A escrita riq´ah foi uma das favoritas dos calígrafos otomanos e sofreu muitas modificações nas mãos do shaikh Hamdullah al-Amasi. Mais tarde, ela foi revista por outros calígrafos e foi até transformar-se na escrita mais popular e a mais amplamente usada. Hoje, a escrita riqa é a preferida para a caligrafia no mundo árabe.

Hadice em escrita riqa

As escritas cursivas também foram rapidamente utilizadas para a tanscrição alcorânica, trazendo novas possibilidades para o êxito de efeitos decorativos. E surgiram, assim, as outras quatro escritas importantes: as de Tumar, Ghubar, Taliq e Nastaliq, que, embora não se tornassem populares entre os árabes, foram durante quase quatro séculos a escrita favorita dos muçulmanos do Irã, da Turquia e da Índia.

A escrita taliq

Acredita-se que foi uma escrita desenvolvida pelos persas, de uma antiga e pouco conhecida escrita árabe, chamada firamuz. Taliq, também chamada de farsi, é uma escrita cursiva modesta, aparentemente em uso desde o início do século IX. O calígrafo Abd al-Hayy, da cidade de Astarabad, parece ter desempenhado um papel importante no início da escrita. Ele encorajou seu patrono, xá Ismail, a estabelecer as regras básicas da escrita taliq. Atualmente, ela goza de aceitação entre os árabes e é o estilo caligráfico entre os muçulmanos persas, hindus e turcos.

A escrita nastaliq

O calígrafo persa Mir Ali Sultan al-Tabrizi desenvolveu uma variedade mais leve e elegante de estilo que ficou conhecida como nastaliq. No entanto, os calígrafos persas e turcos continuaram a usar o taliq como escrita para as ocasiões especiais. Nastaliq é uma palavra composta que deriva de naskh e de taliq. A nastaliq foi muito usada nas antologias, épicos, miniaturas e outros trabalhos literários, mas não para o Alcorão. Tinta e guache sobre estuque, com traços de ouro, Nastaliq
Os exemplos de caligrafia como motivo ornamental encontram-se por todo o lado: nas pedras dos túmulos e nos têxteis, nas ânforas, nas armas e nos azulejos, adaptando as formas mais surpreendentes na decoração dos edifícios. As palavras do Alcorão são importantes como forma de embelezamento das mesquitas que elas adornam. Há quatorze séculos, muçulmanos de todas as partes do mundo vêm escrevendo, em árabe, os versículos do Alcorão nas mais variadas formas de caligrafias.

TAPETE

Durante o século XIX, o tapete oriental tornou-se de grande valor mundo afora como obra de arte. Por sua rica história, seu colorido e motivos, o tapete oriental muitas vezes é chamado de "o aristocrata dos tapetes". Tradicionalmente, a expressão tapete oriental tem sido usada para descrever tapetes feitos a mão de procedência oriental. O processo envolve esticar os fios sobre um tear e ir amarrando em nós esses fios. Quando uma fileira de nós está completa, inicia-se outra.
Uma vez o tapete todo tecido, apara-se os fios por grupo,para que fiquem do mesmo tamanho. A precisão do desenho depende de como o tapete foi tecido e em que quantidades os grupos de fios foram amarrados. A densidade do tapete, ou o número de nós por centímetro quadrado, pode ser um indicador da delicadeza e durabilidade dele. Quanto mais nós, melhor o tapete é. Um tapete oriental fantástico pode ter mais de 500 nós por centímetro quadrado.
Historicamente, as grandes áreas produtoras de tapetes incluem a Turquia, a Pérsia, o Cáucaso e o Turquestão. Mas, também deve ser acrescentado a esta lista o Afganistão, o Paquistão, o Nepal, a India e a China. E, ainda, a Espanha, que sob a influência árabe, também produziu tapetes feitos a mão de grande beleza.

História

O nome "tapete oriental" é frequentemente usado para se referir a todos os tapetes com nós feitos a mão. A arte de dar nós e de tecer os tapetes e as mantas foi uma criação clássica dos povos nômades, que encontrou acolhida por parte dos muçulmanos, assim como do mundo não muçulmano. Nenhum produto surge mais diretamente das possibilidades e das necessidades da vida nômade. As mulheres fiam e tecem, em forma de tapetes, a lã e o pêlo dos rebanhos, e ao mesmo tempo, encontram tintas naturais de plantas e insetos à sua volta.
Os produtos das suas oficinas constituem um mobiliário magnifíco daqueles que vivem em tendas. Entre as comunidades sedentárias, os tapetes alcançaram novas funções, como cobrir as áreas sagradas das capelas funerárias e das mesquitas, mostrar a riqueza e o bom gosto dos mercadores e principes, e proporcinar a matéria para exportações lucrativas para a Europa. Os modelos criados foram ricos e variados; configuraram-se desde as formas estilizadas e os desenhos geométricos aos tapetes para oração, que reproduzem o nicho do mihrab e as composições realistas que representam homens, animais e flores.
Embora existam referências a tapetes entre os primeiros escritores gregos e árabes, não se sabe quando o primeiro tapete oriental foi tecido. Acredita-se que a técnica de dar nós em tapetes tenha começado com as tribos nômades da Ásia Central. Essas tribos produziam tapetes pequenos, decorados com motivos geométricos, inspirados nas formas de animais e plantas.
Para o nômade, o tapete não tinha só a função decorativa mas também utilitária, pois servia de cobertura para o chão, divisão de ambientes, cortinas e alforges. Tendo em vista que os tapeceiros nômades eram forçados a desmontar seus teares sempre que sua segurança era ameaçada por elementos naturais ou inimigos humanos, suas criações refletiam as incertezas de sua vida. Os nômades andarilhos, com esse tipo de vida, acabaram divulgando a arte de tecer tapete para novas terras e povos.
Alguns dos maiores centros de tapeçaria surgiram na Pérsia e na Turquia. Os manuscritos persas descrevem um tapete do rei Chosroes I, tecido em algodão, seda, ouro e prata e guarnecido com pedras preciosas. Marco Polo, em sua visita à região da Anatólia, na Turquia, descreveu os tapetes da região, com seus desenhos geométricos e figuras de animais, como os mais belos do mundo.
O período que vai do século XVI até a metade do século XVIII é conhecido como a idade de ouro da tapeçaria persa. Inúmeros tapetes dessa época chegaram até nós e são reconhecidos por sua harmonia de cores e originalidade de desenhos. Os tapetes turcos apresentam um estilo diferente de nós, desenhos curvilíneos e cores mais suaves.
No mundo islâmico, os tapetes foram usados principalmente para cobrir o chão das mesquitas e casas. Também eram usados como decoração das paredes. Eram feitos de lã de carneiro, do pêlo da cabra ou do camelo, e mais tarde, em algodão e seda. A lã é tirada dos numerosos rebanhos de pastores nômades, que pastam em grandes áreas. A lã mais fina vem do Curdistão, onde a parte ocidental da Pérsia faz fronteira com a Turquia. A lã do Corassã e de Kirman é famosa por ser mais fina e aveludada, enquanto que a lã do Cáucaso e da Ásia Central é apreciada por ser mais forte e lustrosa.
Os tapetes no mundo islâmico nem sempre apresentam características distintas o bastante para que se possa assegurar suas diferenças.
O Islam condena a representação artística de seres humanos e animais e, por causa disso, predominam as formas geométricas nos desenhos dos povos islâmicos. Embora a Pérsia tenha se convertido à religião islâmica, os tapeceiros persas muitas vezes decoraram suas criações com animais e figuras humanas. É bastante raro encontrar qualquer figura humana nos primeiros tapetes turcos. São famosos seus tapetes de oração, que se caracterizam por uma decoração ricamente detalhada. Todos tem o nicho do mihrab, que aponta para Meca, quando usado para a oração.
Foram quatro as principais áreas do mundo islâmico que se destacaram na produção de tapetes:
  • Cáucaso
  • Ásia Central ou Turquestão
  • Pérsia
  • Turquia ou Anatólia
O mais elementar dos teares foi usado para produzir excelentes tapetes orientais. Para os nômades errantes, duas árvores crescendo a poucos metros podia tornar-se um tear, quando um par de varetas podia ser estendido entre elas. Os teares podem ser horizontais e verticais. Tanto um como outro tem um mecanismo simples que permite ao tecelão dividir a trama em dois conjuntos , a fim de que a urdidura possa ser revertida depois de cada arremate da trama.
 O artesão primeiro tece uma orela. São feitos diversos arremates na trama para se obter uma margem estreita que serve de borda para a área que vai levar os nós. Um fator importante na determinação da origem de um tapete é a identificação da forma como o nó foi amarrado. Os tipos mais comuns de nó são o nó turco e o nó persa.
Referências
"As origens da Caligrafia Arábica" - Khalid Mubireek AS ARTES NO ISLAM Grandes Impérios e Civilizações - Vol. II, Edições Del Prado
Fonte: www.islam.com.br

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